Entertainment Weekly entrevista Hayley Williams
Por Raquel Guets em 16 de abril de 2020
Em entrevista para a revista Entertainment Weekly, impressa, Hayley Williams deu uma entrevista a respeito de suas inspirações artísticas e pessoais a composição de seu novo álbum solo, “Petals For Armor”. Dentre as suas inspirações, estão filmes, séries, artistas e, claro, seu cachorro Alf. Leia a entrevista na íntegra:
A vocalista do Paramore, 31 anos, revela as músicas, os filmes e as “terríveis m*****” que inspiraram o “Petals for Armor”.
1. Anima, de Thom Yorke
Uma das mais fortes influências de Williams foi o álbum “Anima”, do Thom Yorke, lançado em 2019 e acompanhado por um curta-metragem no Netflix, dirigida por Paul Thomas Anderson. “Tem uma linda coreografia, a iluminação é realmente deslumbrante e, claro, as músicas são… Thom Yorke!”, explica Williams. “Mas aquele álbum foi lançado e me lembrou de que alguns de meus artistas introspectivos favoritos ainda dançam e se movem de maneiras diferentes, e isso foi o incentivo para lembrar dos movimentos e do meu corpo e sentir os ritmos novamente”.
Ainda que as letras de Petals possam abordar alguns tópicos sombrios – como as batalhas pela saúde mental e a separação com o ex-marido, Chad Gilbert do New Found Glory – Williams quis acrescentar ao álbum um senso de movimento e vivacidade. “Eu creio que o começo da minha jornada de composição foi muito pesado, era como se estivesse carregando dois baldes cheios de cimento em cada lado, apenas tentando sobreviver mais um dia”, ela diz. “Uma vez que fui capaz de deixar de lado e chamar isso pelo nome, eu acho que me tornei mais leve. Eu me inspirei no rito e na percussão, e precisava daquele lembrete”.
2. Mulheres Que Correm Com Os Lobos (Woman Who Run With the Wolves, de Clarissa Pinkola Estés), Ph.D.
O nome do álbum, “Petals for Armor”, é uma referência a encontrar força na feminilidade. Enquanto escrevia, Williams diz que tentou se imergir em distintas histórias femininas – como a coleção de contos populares escritos por Estés.
“Foi uma surpresa para mim”, ela diz. “A maior parte da minha vida foi composta por rapazes. Eu trabalho com eles o tempo todo. Estes contos foram recomendados por uma de minhas amigas, e eles me fizeram sentir menos sozinha. Os contos exploram o arquétipo de mulheres selvagens, enquanto criaturas emotivas e terrenas, selvagens como lobos – e também como os lobos formam matilhas”.
Para Williams, que vem tocando e gravando em um grupo majoritariamente masculino desde a adolescência, estar sozinha foi uma desculpa para libertar a mulher selvagem que havia dentro de si. “É uma dessas coisas que guardei para mim, pois pensava que precisava ser mais forte”, ela diz. “E, na minha cabeça, depois de sair em turnê por todos esses anos, essa força não parecia feminina. Sendo que, na verdade, acredito que seja uma coisas mais femininas que existem”.
3. Coringa (Joker)
“Eu estava assistindo Coringa recentemente, um filme tão sombrio e que provavelmente não é para todos os públicos, mas estava atraída por aquele tipo de narrativa”, diz Williams sobre o filme de 2019 estrelado por Joaquin Phoenix. “No momento em que ele dança no filme, isso diz muita coisa, é algo muito misterioso e significativo. Ele sequer fala. E acho que isso me fez perceber que eu sou capaz de me expressar muito utilizando apenas o meu corpo. Venho fazendo isso nos palcos mesmo sem perceber”.
4. O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale)
O ardente single de estreia “Simmer” foi uma das primeiras músicas que Williams compôs para o álbum, e ela se lembra que enquanto escrevia as letras se espelhava em memórias ao assistir O Conto da Aia, Bird Box e A Justiceira: “várias e terríveis m*****”, ela diz com uma risada. “Isso me lembrou de como as pessoas poderosas, que pensavam ser fracas, podem agir quando elas compreendem o seu potencial. Eu amo arcos de personagens iguais aqueles. Eu amo esses momentos de luta contra opressão. Eu apenas amo a justiça. O Conto da Aia é, obviamente, pesado [de assistir], e por vezes pode parecer muito real, mas ser uma mulher e assistir àquilo é uma experiência totalmente diferente”.
5. Frist Art Museum em Nashville
Williams fez boa parte do Petals em sua casa, em Nashville, e enquanto compunha com a ajuda de Joey Howard, baixista de apoio do Paramore, ele se mudou para o seu quarto de hóspedes no andar de baixo. “Ele ama museus de arte e eu também, então íamos muito ao Frist, em Nashville”, ela diz. “Nós vimos uma exposição sobre Frida Kahlo por lá, recentemente, e também uma mostra que era composta por vários artistas franceses ao longo da história. Nós fizemos isso no meu aniversário, quando eu completei 30 anos. Eu amo galerias de arte no geral e isso influenciou para escrever para o álbum, pois quando não estávamos compondo, Joey e eu passávamos tempo tentando distrair nossas mentes com outras coisas”.
6. Alf, o seu cachorro
“Eu tenho o Alf desde quando ele tinha umas 11 semanas de vida. Eu o criei, mas sinto que foi ele quem me criou”, diz Williams rindo. “Eu tinha 23 ou 24 anos quando eu o peguei. Ele sempre está presente: é tão feliz e esteve muito ligado a mim quando passei pelos momentos de mudança de vida”. Então, o trecho de “Simmer”*, no qual Williams fala sobre andar em sua casa e conversar com o seu cachorro é algo real? “Eu não estou tentando ser fofa na música. Ele é um dos meus terapeutas”.
*Na entrevista, o editor coloca “Simmer” como a música que contém o trecho em que Hayley conversa com seu cachorro; a música, na verdade, é “Cinnamon”.
Tradução e adaptação: Paramore BR