Vulture: “Estreia solo de Hayley Williams valeu a espera de 15 anos”
Por em 28 de janeiro de 2020

O crítico musical Craig Jenkins fez uma review do novo single de Hayley, “Simmer”, para a revista de entretenimento Vulture (Nova York, EUA). Confira a tradução completa:

A jornada do Paramore desde as intensas faixas pop-punk Emergency e “That’s What You Get”, até o soul com batidas pop-rock de “Ain’t It Fun” e “Hard Times” foi uma virada surpreendente, porém não improvável. É de se imaginar que uma cantora com a bagagem de Hayley não queira ficar confinada a um gênero; que Patrick Stump, do Fall Out Boy, quisesse fazer mais do que rock comercial, antes mesmo do Infinity On High; ou que Jonny Craig, do Dance Gavin Dance, já nos primeiros minutos de “Downton Battle Mountain”, se mostrava capaz de cantar R&B. A evolução musical do Paramore merece ser registrada. Diferente de outras grandes bandas, que experimentaram em projetos solo ou spin-offs, eles não se preocuparam em serem fiéis a um som familiar para os fãs. Depois de muita turbulência, a banda continuou (mais ou menos) unida.

Aproveitando o hiato indefinido da banda desde a turnê do After Laughter, Hayley Williams finalmente sentiu-se pronta para disparar sua carreira solo. Anunciou o primeiro álbum do projeto Petals For Armor para maio desse ano, além da estreia de Simmer, o single de lançamento. A nova música é uma mudança radical na dinâmica de Williams, uma jogada inteligente e sutil da cantora que ousou ir além da sua zona de conforto.
 
O hit de sucesso da Gwen Stefani, “What you Waiting For?” em 2004, abriu alas para o pop dançante que o No Doubt deixou de lado em sua mistura de gêneros. Harry Styles deixou o poderoso One Direction com “Sign of the Times”, uma estreia solo com mais cara de David Bowie do que de David Guetta. “Simmer” foca nas emoções mais expostas e profundas, se distanciando do cor de rosa After Laughter; no qual os versos tristes se perdem no meio de guitarras e sintetizadores. A melodia da nova música é tão dolorida e densa quanto sua letra.

“Rage is a quiet thing” (A raiva é algo silencioso) – Williams rosna em meio de sintetizadores que zumbem como vespas ao redor de um ninho.
 
“You think that you’ve tamed it, but it’s just lying in wait” (Você acha que a domou, mas ela está à espreita) – A cantora definha no final, parece até um sussuro, dramatizando a atração sombria e sedutora de descontentamento.
 
Ela nunca desiste; como uma nadadora em águas abertas, mergulha cada vez mais fundo em suas emoções. A canção fornece essas águas profundas, propícias para um mergulho. “Simmer” ainda flerta com o Paramore: o guitarrista, Taylor York  oferece seu toque e o baixista, Joey Howard,  dá apoio nas cordas e teclados de Williams. No entanto, o som se parece mais com o Radiohead na época de King of Limbs e com o cd homônimo da St. Vincent do que com qualquer outra coisa que esse grupo de músicos tenha criado juntos.
 
”Simmer” é uma síntese perfeita de um pop sombrio e sons eletrônicos frios; é calma e emocionante. Um tipo de single que elimina qualquer noção prévia de como o álbum completo possa soar. Pensei que o primeiro single solo de Hayley fosse ser um ataque de pop para radio, em velocidade total. Estou feliz por estar errado.

Hayley agradeceu pelo review em seu Twitter!

Tradução e adaptação: equipe do Paramore BR