O renomado jornal britânico The Daily Telegraph publicou uma resenha sobre o show do Paramore na The O2 Arena, em Londres, realizado na última sexta (12), dando cinco estrelas para a performance da banda. Confira a matéria na íntegra abaixo:
Desde 2004, a banda de pop-punk do Tennessee, Paramore, teve oito membros diferentes. Atualmente eles formam um trio: o guitarrista Taylor York, que entrou em 2007; o membro fundador Zac Farro, baterista que saiu em 2010 mas retornou no ano passado; e a companheira de fundação da banda, Hayley Williams, a única presença consistente.
Na Arena O2 em Londres na noite de ontem, eles se juntaram a quatro músicos masculinos suplementares, fazendo com que o grupo principal se derretesse no fundo de Williams, um alto pontapé de punk com uma platinada permanente e solta. Essa tensão – entre o poder vívido de estrela dela e o resto da banda com uma estética relativamente permutável – no passado provocou uma formação rotativa. Mas o Paramore é uma banda de pedras sólidas agora, Williams disse à arena esgotada: “tem sido uma honra crescer na frente de vocês”.
Relações interpessoais de lado, o amadurecimento musical do Paramore tomou uma curva inesperada. No passado, artistas pop procuraram por sua credibilidade no rock mais para frente na suas carreiras. Na era “poptimítica” (onde o pop é legalmente considerado tão merecedor de críticas sérias quanto o rock), o contrário acontece frequentemente e estes artistas originalmente carregadores da bandeira emo trocaram o ataque de poder das cordas no seu trabalho anterior para uma reinvenção ágil de New Wave no brilhante After Laughter [lançado no] ano passado. Clássicos temas emo de auto-aversão e ansiedade perduram em músicas que desligam a dinâmica da banda e a quebra do casamento de Williams, apesar de seu som brilhante projetar a felicidade como uma forma de desafio, fazendo a noite deles na Arena tão eufórica quanto qualquer outro show de pop.
Arenas não são novidade para o Paramore, no entanto seu conjunto permaneceu praticamente sem frescuras, focado nas projeções artísticas e nos movimentos brilhantes de Williams – quando ela mandava “Hit me with lighting” em Hard Times, ela se agitou como se uma corrente estivesse percorrendo suas pernas tatuadas. Com ênfase na musicalidade (apesar de ser difícil dizer o que alguns dos guitarristas adicionais realmente trazem), Paramore tem mantido a integridade e o profissionalismo de Nashville, e muda facilmente entre a agressão cartática de “I Caught Myself” de 2008 (da trilha sonora do filme vampiro emo, Crepúsculo), e o alegre pop reggae do After Laughter – Caught In The Middle.
Cantando músicas que ela escreveu durante sua adolescência, Williams, você suspeita, deve achar essa transição mais difícil. Um dia antes da apresentação, ela tinha respondido a um fã no Instagram sobre como ele sentia falta do “velho Paramore” dizendo que “o velho pmore está no YouTube! Sempre que você quiser! Mas eu ainda prometo que nunca vou pedir a você que seja alguém que foi 15 anos atrás”.
Quando ela apresentou a canção que é a bandeira da banda, “Misery Business” de 2007, ela reconheceu que essa era “provavelmente a razão de termos conhecido a maior parte de vocês neste lugar”, e então adicionou um aviso. “Misery Business” é sobre roubar o namorado de outra garota e contém partes na letra chamando ela de “puta” (em um post no blogspot em 2015, Williams reconheceu que ela não conseguia mais se relacionar com a música “já havia algum tempo”). “Nós não somos mais aquelas pessoas e nem você”, ela disse para os presentes no O2. “Então, vamos cantar essa juntos e celebrar que crescemos muito desde então”.
Essa foi sua única fala longa. Se ela está rugindo canções antigas ou pulando com o material mais recente, Williams é tão estrela quanto Taylor Swift e Katy Perry e comanda uma enorme influência sobre os fãs que o som sofisticado do After Laughter só expandiu. Mas diferentemente de suas implacáveis amigas do pop, ela nunca oferece entre as músicas ressalvas de empoderamento e otimismo, entendendo que o sentimento se voltaria contra letras como de “Told You So”: “por tudo que eu sei, o melhor acabou e o pior ainda estar por vir”.
Longe de toda a rebarba emo, a honestidade de Williams sobre os contratempos da vida é refrescante e cuidadoso com um público que está tentando encontrar seu lugar em momentos imprevisíveis. Coisas podem não melhorar, Williams sugere, mas dar espaço ao outro para crescer, como o Paramore tem feito tão admiravelmente, é um começo.
Fonte | Tradução: equipe Paramore BR