A edição americana da revista Rolling Stone publicou ontem (12), sua review sobre o “After Laughter”, o novo álbum do Paramore. Confira abaixo a tradução da análise:
‘After Laughter’ de Paramnore triunfa através de um pop reluzente e letras temperamentais
Os grandes ganchos e vocais marcantes sempre foram acompanhados por uma visão intensa do mundo – a divertida “Misery Business”, single que alavancou a banda, era uma carta envenena para um rival romântico, enquanto “Ain’t It Fun,” o single do álbum autointitulado que atingiu o top 10, misturou a o gospel de “Like a Prayer” com uma postura firme de não acreditar em ninguém. A tensão entre os ganchos pop açucarados, o soprano acrobático da vocalista Hayley Williams e uma ampla visão de mundo colocou o Paramore no topo da música para a geração pós-milenar. Eles estão prestes a ebulir em After Laughter, o primeiro álbum desde 2013 e o reencontro com o baterista Zac Farro, cuja saída da banda em 2010 previu a mudança de um mundo rock para o pop.
O significado de “pop” em 2017 está aberto para questão, e em After Laughter Paramore felizmente deixou de lado grande parte do conceito como ele é praticado (“Eu não consigo imaginar subir no palco e tocar uma música do Max Martin – se chegarmos neste ponto é melhor que pararmos”, disse o guitarrista Taylor York ao The New York Times em abril, antes que o álbum fosse anunciado). Ao invés disso, eles aderem ao “pop” como uma energia, através de um álbum tão ensolarado que é capaz de reluzir, tomando como base um contrabaixo ágil e batidas feitas para se ouvirem enquanto dirige ou para dançar sozinho no quarto. Os ganchos são grandes e os detalhes são sublimes, às vezes emprestados de fontes inesperadas. O harpejo inspirado em highlife (estilo musical africanico) de York adiciona muita cor à frenética “Told You So” e à “Hard Times”; “Rose-Colored Boy” entalha o synthpop aos moldes de Cupid & Psyche 85 de Scritti Politti. “Pool” cintila como uma miragem em um dia flamejante, com uma melodia que lembra a melodia de caminhões de sorvete em efeito Doppler. A balada “26” suspira em suas cordas atraentes, uma versão mais velha e sábia da faixa “The Only Exception”, de 2009. “No Friend”, a ameaçadora penúltima faixa deixa Williams fora de cena e passa o microfone ao vocalista do MeWithoutYou Aaron Weiss, antes de enterra-lo em uma cacofonia de estrondos de contrabaixo e guitarras frenéticas, tem uma leveza persistente.
Mas, mesmo que a superfície de After Laughter brilhe, as letras de Hayley Williams evidencia a fadiga que torna este brilho espalhafatosamente vazio. “Tudo o que quero / É acordar bem”, ela canta na abertura de “Hard Times”, música que também diz “Minha pequena nuvem de chuva / Acima da minha cabeça”. As coisas não se tornam mais brilhantes a partir daqui. “26” assume uma visão de amor que é uma eventual maldição; “Idle Worship”, como o nome sugere, traz um comentário sobre a fama. A voz de Williams está deslumbrante, promovendo ainda mais contraste com letras maravilhosamente amargas como “Eu vou desenhar meu batom maior que minha boca / E se as luzes estiverem fracas eles nunca me verão de cara fechada”, da delicada e reverberante “Fake Happy”.
Após “No Friend”, onde Weiss grita metáforas de tristeza e melancolia por baixo da banda barulhenta, After Laughter termina com “Tell Me How,” uma balada que permite que a voz de Williams passeie em expressões de ansiedade impossíveis de se calar. É uma ótima forma de terminar o After Laughter, uma faixa lindamente produzida, capaz de fazer as sobrancelhas trepidarem de tensão – uma combinação que é bem atual em 2017, mesmo estando guinada para fora das linhas rígidas do pop.
Tradução e adaptação: Equipe do Paramore BR. | Fonte.