O portal The Odyssey trouxe uma importante matéria sobre o novo álbum do Paramore: o site observa a relevância do “After Laughter” na conscientização da saúde mental, que ganha destaque no mês de maio. Leia traduzido abaixo:
Odyssey: a relevância do Paramore no mês de conscientização da saúde mental
A razão pela qual você precisa escutar o álbum mais recente do trio de pop-rock.
O ativismo se tornou bastante envolvido em suas conotações; seja bloqueando o tráfego em rodovias ou gritando versos da Bíblia nas esquinas, muitos assumem que a palavra que começa com “A” sempre deve ser sinônima de táticas extremas e insensíveis. Pode parecer para alguns que, de modo a pedir por uma mudança, é necessária uma multidão numerosa e barulhenta de pessoas, preparada com as placas e piquetes, se juntando às massas que também demandam por mudanças e reformas.
Ao longo deste ano, houveram muitos exemplos bem-sucedidos de ativismo, incluindo a Marcha das Mulheres e a Marcha Pela Ciência. A quantidade de discursos sociopolíticos saudáveis que foram apresentados é fantástica e muito necessária, considerando nosso clima político atual. Mas, dito isso, nem todo ativismo ocorre através de uma marcha: apresento o quinto e mais recente álbum do Paramore, “After Laughter”.
Lançado no dia 12 de maio de 2017, “After Laughter” chegou quase na metade do mês de conscientização da saúde mental. Enquanto alguns fãs aparentavam estar apreensivos em aceitar o novo estilo musical influenciado pelo pop dos anos 80, foi bastante aclamado pela crítica, com a Rolling Stone, Pitchfork e Sputnikmusic notando suas melodias cativantes e ritmos dançantes. Mas escutando mais atentamente o projeto, é trazido ao foco a verdadeira estrela do show: a honestidade no conteúdo lírico de Hayley Williams e Taylor York.
O contraste entre a narração obscura e aparentemente derrotada e a produção synth-pop otimista é visível desde o princípio. A batida animada e os “licks” de guitarra na primeira música “Hard Times” são interrompidos por Williams, implorando sem qualquer esperança que “Tudo o que [ela] quer é acordar bem / digam que [ela] está bem / que [ela] não morrerá”. Logo de cara, o ouvinte é atingido por uma afirmação honesta e que corta através daquele tom alegre aparentemente contido no álbum. Deste ponto em diante, na minha primeira vez em que ouvi o projeto, uma constatação é feita: Hayley Williams está usando a própria plataforma musical para explicar as batalhas pessoais contra a depressão, e ela se nega a se desculpar por isso.
Este momento lírico foi trazido à tona durante a entrevista com o Zane Lowe para a Beats 1, com a resposta de Williams estando a par com a iminente honestidade do álbum. Quando perguntada se ela sofria de depressão, ela disse: “Agora? Sim. Três anos atrás? Não… Eu não sei o que aconteceu, mas agora? Sim, com certeza… Eu acho que isso me deu empatia por amigos que também sofrem”. Mais adiante em sua resposta, ela menciona a luta que foi verbalizar toda aquela montanha-russa emocional, mas felizmente para qualquer um que esteja interessado em saber como é sofrer de depressão, o álbum oferece letras honestas e sem remorsos, captando perfeitamente a batalha interna que uma doença mental pode causar.
A segunda faixa, “Rose-Colored Boy”, traz Hayley confrontando um personagem facilmente reconhecido por aqueles que também sofrem com problemas de saúde mental: uma pessoa otimista, dolorosamente persistente e que não consegue simpatizar com o narrador que sofre de depressão. A música é suportada por gritos de “discretamente / sem pressão / apenas fique comigo e minha tristeza”, e apresenta uma das melhores pontes do álbum, dizendo “você diz que os meus olhos estão ficando muito escuros agora / mas menino, você nunca viu a minha mente”. Hayley não está apenas cantando sobre sua batalha contra a doença mental, ela está encorajando a oposição (e indiretamente, o ouvinte) a ver as coisas através de sua perspectiva e reconhecer uma luta verdadeira, mas muitas vezes ignorada, contra a depressão. Até mesmo o refrão reconhece que existem outras coisas que estão ocupando sua mente, exclamando ao otimista que “não podemos ser todos iguais a você”. Esta é apenas a segunda faixa, e a honestidade sem remorsos em explorar a doença mental está presente de maneira consistente.
Dentre outras músicas presente no álbum, “26”, “Caught In The Middle” e “Tell Me How” são as mais explícitas com relação à visão voltada para a saúde mental. Mas a minha favorita em potencial é “Fake Happy”, um hino eletro-pop que encoraja os ouvintes a descartar aquela fachada jovial e alegre e reconhecer que as pessoas constantemente fingem estar alegres para poderem seguir em frente. Certamente, a vida é mais fácil quando nós fingimos que nada está errado, mas nada pode ser mais emocionalmente pesado e, com isso, mais perigoso do que não ser honesto sobre seu estado mental. “Eu sei que eu disse que eu estava bem e que eu estou bem agora / Eu deveria ter sabido que quando as coisas estão indo bem é quando eu sou derrubada”. A observação de Hayley é bem colocada: a vida não é uma progressão exponencial constante. A vida interferirá no decorrer do caminho, causando uma baderna emocional e, até mesmo, culminando em problemas de saúde mental. Mas, ao mesmo tempo, eis que ela está cantando sobre aquela dor, provando que mesmo quando você está sofrendo mais do que possa imaginar, a vida merece continuar. Não importam as “nuvens de chuva” mentais ou os males do passado, ainda existe esperança e ajuda a ser encontrada.
O novo álbum do Paramore encaixa perfeitamente no mês de conscientização da saúde mental; o álbum é uma exposição de ativismo na forma de pop-rock. Mesmo sem gritar nas esquinas, o trio liricamente clama por um mundo mais empático, capaz de entender aqueles que sofrem de depressão. Se você ainda não escutou o álbum, eu altamente recomendo. Mesmo sendo uma obra marcante, sua mensagem é perfeita para o foco deste mês naqueles que sofrem com doenças mentais. E para aqueles que estão no meio de uma batalha, incluindo eu, espero que você se sinta tão encorajado pelo trabalho da banda assim como eu estou.
Tradução e adaptação: equipe do Paramore BR | Fonte