Paramore é capa da edição de maio da revista DIY, na qual inclui fotos e uma conversa com o trio que aborda assuntos como os momentos difíceis da banda, a criação do “After Laughter” e a honestidade em suas composições. Leia traduzido:
Hora de seguir em frente: Paramore
Sempre existiram flechas votando em direção ao Paramore, mas ao longo dos últimos dois anos, a banda se deparou com o pior período de incerteza. Agora eles chegaram ao outro lado.
Por Sarah Jamieson
Ao longo dos últimos 15 anos, Paramore enfrentou uma boa quantidade de obstáculos. Isso não é segredo; com cada um dos últimos quatro álbuns, o grupo foi obrigado a encarar novos desafios, e mirar no desconhecido. Foi com o seu último álbum autointitulado que tudo mudou: eles finalmente se libertaram de seus demônios e se tornaram mais esclarecidos. Ou será que não?
De volta a 2013, quando a banda lançou o seu quarto álbum, as peças pareceram que finalmente haviam se encaixado. Com ‘Paramore’, eles jogaram fora o livro de regras criativo e ofereceram um álbum repleto de ambição e energia. Trazendo mais estilos musicais do que você possa imaginar, o trio se encontrou desviando da sonoridade pop-punk que eles dominavam, preenchendo o álbum com ganchos pop, ritmos vibrantes e coral gospel. Isso foi audacioso, isso foi atrevido e, acima de tudo, deu ao grupo um novo motivo para sobreviver.
Isso não foi programado para durar. Enquanto a banda planejava o fim do capítulo ‘Paramore’ com uma última leva de shows nos Estados Unidos e o segundo cruzeiro Parahoy! agendado para o início de 2016, as coisas se tornaram muito quietas. No fim de 2015, uma mensagem da banda anunciou que o baixista Jeremy Davis havia saído da banda, ao que eles chamaram de uma separação ‘dolorosa’, os motivos disso ainda são assuntos privados. Foi quando os dois membros remanescentes – Hayley Williams e Taylor York – encararam outra grande decisão a se tomar. Eles escolheram, novamente, se recompor e continuar.
Quase dezoito meses depois, os três membros atuais do Paramore – Williams, York se reuniram com o baterista original Zac Farro – estão sentados juntos no canto de um imponente estúdio de fotos de Nashville. É uma tarde de sexta-feira e o trio estão no meio do planejamento de uma viagem para ver o Radiohead no final de semana, em Atlanta. Falta um pouco mais de um mês até que seu quinto álbum ‘After Laughter’ seja lançado e, até o momento, apenas algumas pessoas no mundo tem qualquer ideia do que está vindo.
“Isso é estranho,” pondera Hayley, sobre como sente após cinco álbuns e dez anos de carreira. “Eu ainda sinto que nós estamos realmente verdes, especialmente com este álbum. Pareceu que havia várias coisas para experimentar e muitos novos sentimentos sobre a vida – você finalmente superou o aborrecimento de aceitar que você é um adulto agora. Sim, foi um álbum louco de se fazer.”
Sem surpresas, o senso de antecipação que cerca os próximos passos da banda tem sido evidente. Em março de 2016, a então dupla de Hayley e Taylor embarcou no segundo Parahoy!, mas os fãs continuaram incertos sobre o que viria a seguir. E enquanto eles tocavam a bordo – a primeira apresentação depois da saída de Jeremy – com as feridas ainda abertas, o cruzeiro de quatro dias se tornou mais significativo do que eles haviam antecipado.
“Eu nunca quis chorar em um cruzeiro…” Hayley ri, lembrando-se da experiência emocional. “Aquilo não foi para se promover, com certeza!” Ainda assim, providenciou uma purificação muito necessária para os dois integrantes. “Taylor e eu conversamos sobre aquilo logo após o ocorrido. Foi muito difícil, e muito havia mudado. De repente, eu me senti como se estivesse nua ali.”
“[O Parahoy!] deveria ser uma coisa divertida; destinado para ser um lugar no qual nós deixamos o mundo atrás de nós e fazemos o nosso próprio negócio, conectados pela música, jogando e sem preocupações, porque quem saberia onde nos encontrar? É uma bela comunidade e um bom sentimento, mas ainda assim estava realmente triste. Como se houvesse – eu não sei – uma nuvem que parecia estar nos perseguindo por um momento.”
“Então nós fizemos este encontro com os fãs que durou cerca de três horas,” ela explica. “As pessoas vinham e nos encaravam profundamente, genuinamente dizendo coisas como, ‘Nós estamos muito orgulhosos de vocês’ ou ‘Nós estamos tão felizes que pudemos participar dessa música’. Sentimentos incrivelmente genuínos. Sempre houve esse tipo de lembrete de que o Paramore não é apenas sobre nós. Eu acho que é por isso que nós conseguimos sobreviver a essa merda: porque isso não é realmente sobre nós. Quando você está olhando nos olhos das pessoas e sabe que eles estão passando por algo provavelmente pior do que você, isso te dá uma nova perspectiva. Nós voltamos para casa com as energias renovadas para continuar com o processo de composição novamente. Isso foi uma coisa boa.”
Em junho, a banda – que a essa altura já havia convidado [Zac] Farro para retornar – estava se preparando para entrar em estúdio. “Eu nunca me senti preparado, mas eu estava assustado”, confirma Taylor, sobre como eles estavam se sentindo na época. “Eu senti que tínhamos juntado todas as peças, mas é sempre algo aterrorizante.” Depois da ambição do último álbum, os níveis foram elevados, e aquele sentimento nunca foi esquecido. “Música é uma das únicas formas de arte na qual você faz algo e aquilo te segue por anos. Um artista pode criar uma peça e seguir em frente, um diretor termina um filme e parte para o próximo projeto. Nós fizemos uma gravação e nós vivemos isso. Existe muita pressão, tanto externa quanto interna, porque você quer que aquilo seja ótimo, você quer acreditar nele. Foi quando o medo veio; fazer algo que nós todos amamos e que – mesmo que não desse certo – nós poderíamos olhar para trás e estar orgulhosos.”
O primeiro passo na criação do quinto álbum foi a construção de uma rede de apoio. Juntamente com Zac, que originalmente deixou a banda em 2010 e tem estado trabalhando em seu próprio projeto HalfNoise, o grupo recrutou o produtor Justin Meldal-Johnsen para coproduzir com Taylor. “Quando eu e Hayley fomos ao estúdio,” diz Taylor, “nós éramos uma dupla, então tivemos que colocar pessoas ao nosso redor as quais nós tivemos uma história e que confiamos”. Reconstruindo suas pontes, eles tentaram criar algo que parecesse mais uma banda. Eles estavam aptos a seguir em frente, acima de tudo, serem eles mesmos.
Este foi o elemento que acabou moldando o ‘After Laughter’. Enquanto no último álbum os vimos experimentando, desta vez eles sabem o caminho a trilhar. Baseando-se nas enérgicas ‘Ain’t It Fun’ e ‘Still Into You’, pegando a vibe animada das faixas e amplificando ainda mais.
“Nós intencionalmente nunca não olhamos para trás,” Taylor rapidamente assegura. Eles finalmente se sentem libertos o suficiente para seguir os sons que eles brincaram da última vez, mas de uma maneira maior. “Eu realmente quis que este álbum fosse diferente, mas eu não sabia como poderia ser. Eu sabia que não queria muita guitarra solo e eu estava meio cansado de head banging – nossos pescoços sempre doem!” Enquanto “Ain’t It Fun’ representa um dos mais sons mais distintos que exploraram da última vez, agora eles estão seguindo a atitude e a mentalidade que permitiu a criação da música em primeiro lugar. “Nós definitivamente só queremos ser honestos sobre onde estamos,” ele acrescenta, “e estar animados para escutarmos [as músicas] por nós mesmos.”
Honestidade também foi um componente-chave nas letras da Hayley. Enquanto o Paramore nunca foi uma banda que escondeu suas dores ou dificuldades, este conjunto de músicas apresenta a mensagem de forma alta e clara. Ousado e aberto, com títulos como ‘Hard Times’ (Tempos Difíceis), ‘Forgiveness’ (Perdão) e ‘Fake Happy’ (Falso Feliz), o álbum mostra que está claro que a dor que eles sentiram ao longo dos últimos dois anos ainda não diminuiu. Agora, eles não temem mostra-la. “Você pode dizer, está tudo bem!” Hayley ri, na sugestão que essas letras estão muito mais voltadas em sua tristeza. “Honestamente, nós não temos energia…” ela admite.
Depois de quase uma década lidando com os problemas – seja a saída de membros da banda, a representação da banda pela mídia ou simplesmente a mecânica da indústria – não choca saber que o Paramore está frequentemente cansado. “Nós passamos por muita merda, cara,” ela prossegue. “A vida pode ser difícil. É engraçado pensar que não existe alguém no mundo que olhe para nós e pense que a nossa vida não é difícil só porque tocamos em Wembley ou algo do tipo. Isso é legal, mas nós ainda voltamos para casa no final da turnê.”
“Nós estamos fazendo shows há anos e estivemos com tantas pessoas e em tantas partes do mundo, mas chega a certo ponto que você está como, ‘Para mim já chega’. Nós nunca queremos ser rudes ou amadores, mas nós somos apenas pessoas,” ela continua, tocando em um dos sentimentos principais do álbum. “Se nós estamos fingindo isso ou sendo falsos, quando é que vamos nos conectar? Eu não quero viver mais naquela mentalidade, na qual eu tenho que representar, não em um palco, mas enquanto humana. É exaustivo!”
Algumas vezes, você precisa ser levado ao extremo para descobrir o seu instinto de luta. Para o Paramore, foi necessária a saída de outro membro da banda para atingir o limite. Agora, eles chegaram ao outro lado e por isso, eles estão mais fortes. Este álbum não é apenas o mais coerente e audacioso, mas é também, sem dúvidas, o seu álbum mais definitivo, o mais criativo. É um álbum que faz todo o sentido e agora eles finalmente se sentem confortáveis. “Esta foi a vez em que nós menos tentamos provar para as pessoas que nós estamos bem,” confirma Zac, antes de Taylor continuar este sentimento. “Nós sempre estamos tentando fazer com que as pessoas saibam – porque houve tantas mudanças – ‘Estes somos nós agora!’ ‘Não, estes somos nós agora!’
“Mas uma das coisas que é estranho para mim é que isso não é estranho,” ele continua, olhando para os seus colegas de banda. “Na primeira vez que eu toquei com o Paramore em 2007, se você tivesse me dito que em certo ponto seria apenas Zac, a Hayley e eu… tentar colocar isso na minha cabeça, não teria como!” Ao longo dos últimos dez anos, várias coisas mudaram, “mas parece que nós estamos nesta formação por um longo tempo”, ele continua “e isso é tão confortável. Nós ainda estamos quebrados, mas é bizarro como isso parece bom agora. No passado quando as coisas pareciam bem, nós nos agarrávamos naquilo com tanta força, nós queríamos que todo mundo visse e forçávamos para que eles vissem”, ele gesticula para os colegas de banda, “é legal sentir que não precisamos estar apresentáveis quando nós estamos quebrados, apenas sermos nós mesmos e deixar que as pessoas tirem a conclusão que elas queiram.”
Até o presente momento, o conhecimento sobre o seu quinto álbum ainda é escasso. Hayley deu apenas uma pequena atualização sobre o progresso da banda neste ano, em janeiro, quando o senso de ansiedade começou a surgir. Foi uma mensagem que refletiu sobre o passado da banda – e como isso os definiria – e o desafio que foi apresentado em dar prosseguimento ao autointitulado. Agora com o dom da retrospectiva a jornada – e as lutas – finalmente parece valer a pena.
“É revigorante,” ela começa “agora que eu posso ouvir o que nós fizemos a partir dos próprios problemas que estamos passando, e como nós estamos juntos e criamos uma coisa maior.” Apesar de estarem prontos para se afastarem da banda, eles parecem mais unidos do que nunca. “Nós todos quisemos sair em diferentes tempos, ou ir embora, ou desaparecer – sempre houve flechas voando em direção ao Paramore – mas eu realmente nunca havia sentido isso até agora. Agora que nós estamos sentados aqui, e temos as nossas músicas, isso não significa que minha vida e perfeita, ou que eu tenha superado as coisas que nós falamos nos álbum, mas é tão bom saber que nós não desistimos.”
“Para nós, estar no lugar onde estamos, é fantástico que nós três queremos estar juntos e genuinamente amamos estar juntos,” continua Taylor. “Estarmos orgulhosos do que fizemos. Eu quero acreditar que um dia poderemos fazer um álbum sem estar passando por isso tudo, mas esta tem sido a nossa realidade até agora. Toda vez que nós realmente superamos, tudo se torna melhor. A vida não para,” ele conclui “mas eu acho que passamos um grande obstáculo e é bom estar do outro lado disso.”
FOTOS EM UHQ: Paramore para a DIY Magazine, por Pooneh Ghana
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Tradução e adaptação: equipe do Paramore BR | Fonte