Uproxx.com: o porquê do Paramore merecer mais reconhecimento
Por em 3 de janeiro de 2016

O site UPROXX escreveu um artigo destacando os momentos da carreira do Paramore em explicação da banda merecer mais reconhecimento. Confira a tradução:

O Paramore comemorou seu décimo aniversário em julho deste ano (seu álbum de estréia, All We Know Is Falling, foi lançado há 10 anos), mas, mesmo assim, a banda pop-punk tem sido criticamente menosprezada durante o tempo de sua existência. Até certo ponto, eles ainda são, apesar do sucesso crítico e comercial relativo de seu mais recente lançamento no seu auto-intitulado trabalho de 2013.
Parte do motivo pelo qual o Paramore foi subestimado – e continua sendo atualmente – é devido ao passado e atual fase de turbulência da banda. Ainda que, fora isso, a banda prospera com a força de sua dinâmica vocalista, Hayley Williams, que, em uma cena mais conduzida por homens, sexismo e misoginia, a presença de uma mulher geralmente quebra a legitimidade de uma banda, de acordo com a crítica mais antiquada.
Paramore, infelizmente, foi vítima no passado dessa besteira e, como resultado, seus álbuns eram mais ignorados do que levados a sério.
O aniversário de 27 anos de Hayley Williams é uma excelente oportunidade de fazer uma retrospectiva na discografia da banda e os motivos pelos quais devemos ouvi-la.
All We Know Is Falling foi um lançamento silencioso na cena pop punk que dava espaço para o sucesso de Green Day, Blink-182, Jimmy Eat World, Saves the Day, Taking Back Sunday, New Found Glory e muitos outros sucessos de 2000. A estreia estabelece uma base sólida construída sobre os vocais já polidos e poderosos de Williams, apoiado pela musicalidade sólida de co-compositor e guitarrista Josh Farro, e seu irmão, o baterista Zac Farro.
A crítica favorável mencionada “a vocalista de 16 anos, Hayley Williams,” fazia comparações preguiçosas com Avril Lavigne. Fora o fato de que ambas são mulheres na cena, a comparação começa – e termina – na constatação de que a música “Sk8r Boi”, de Avril Lavigne, partilha de DNA comum com “Here We Go Again” do Paramore, mas é só isso.

Um exemplo melhor da música de Paramore é a energia do single “Pressure”, com acordes pop poderosos e os vocais de Williams nos temas punk universais sobre incerteza, vazio, e o desapego. Paradoxalmente, alguns críticos foram rápidos em dizer que o Paramore não tinha química ou uma real musicalidade dinâmica, mas ainda assim elogiaram a banda por ser alguns passos acima graças aos vocais. Entretanto, a comunidade pop punk os notou e a banda tocou em 2005 e 2006 na Warped Tour.

Depois de causar uma boa impressão no cenário pop punk, Paramore seguiu em sua estreia com o álbum de sucesso “Riot!” (2007) Enquanto a banda entra pela primeira vez na Billboard top 40, “Misery Business” não se afasta muito do All We Know Is Falling. A banda do Tennessee mostrou sua fúria com as influências post-rock em “Let The Flames Begin” e “When It Rains” e “We Are Broken”. Paramore também afiou seu estilo pop punk em “cruscrushcrush” e “That’s What You Get”.

Apesar do som diversificado do Paramore, eles foram desprezados por alguns críticos. Uns novamente elogiaram os vocais de Williams enquanto minimizaram o resto das contribuições da banda. NME deu a Riot uma pontuação 5/10 e elogiou “Misery Business” por “letras angustiantes, além de riffs e refrões reconhecíveis”, mas menosprezaram “When It Rains” por parecer com Heart e “crushcrushcrush” por parecer com Shania Tawin se “ela virasse emo”. Spin e Alternative Press cada um destacaram positivamente o álbum, mas com a força de “uma pessoa de 18 anos com um dom inegável para escrever músicas de amor” e “uma garota que pode chorar”, respectivamente.
Aqui foi onde um padrão começou a surgir: críticos começaram a focar no talento de Williams como vocalista, apagando a capacidade dos outros membros do Paramore. As contribuições dos irmãos Farro, o baixista Jeremy Davis e o guitarrista de tour Taylor York que se sentou no banco de trás da “Great Orange Hope”, como John Mayer apelidou Williams. Esse desequilíbrio se tornou um problema. O guitarrista principal Josh Farro disse, “Somos uma banda. Não é apenas Hayley – não é sua banda. Só porque ela é a vocalista não significa que ela é a única envolvida.” O que fez o Paramore cancelar sua turnê europeia.
Apesar do drama, Paramore voltou mais forte com o lançamento de Brand New Eyes em 2009. Ao que tudo indica, pareceu que Josh Farro e Hayley conseguiram achar um jeito de trabalharem juntos, voltando a escrever músicas. O título do álbum alude a “ver uns aos outros, ver tudo, em uma nova perspectiva” e “esquecer pelo que brigamos no passado.”

O primeiro single, “Ignorance”, não perdeu tempo ao reintroduzir a revitalização da banda. O clipe mostra o Paramore tocando em uma sala claustrofóbica com apenas uma lâmpada iluminando toda a banda. A música é frenética, e possui os poderosos acordes e percussão de costume. A música apontou as tensões internas e brigas que quase causaram a banda a desfazer o álbum, e aparentemente não deixando dúvidas sobre sua força renovada. O próximo single, “Brick By Boring Brick”, mostra o Paramore num território similar com um refrão viciante e a temática de enfrentar o mundo real.
Para ser claro, Brand New Eyes não é nem de perto um regresso ao som original do Paramore. “The Only Exception” é a música mais otimista da banda, com violão e letras esperançosas sobre o amor verdadeiro.

Então há “Playing God”, o último lançamento antes da saída dos Farro. Williams disse que a música é sobre “acabar com pessoas hipócritas.” O refrão aponta o egoísmo de ser crítico. O clipe deixa espaço para interpretações diferentes, estrelado por Williams enquanto ela canta letras acusatórias para os outros membros da equipe. Querendo ou não a música foi escrita sobre os problemas da banda, talvez a ideia era ser o último adeus de Paramore antes da mudança de lineup.

Claro, as críticas continuaram focadas em WIlliams, mas finalmente houve o reconhecimento das contribuições dos outros membros da banda. Enquanto a crítica positiva de Spin não pôde resistir ao chamar Williams de “a vocalista do cabelo em chamas”, a revista admitiu que “os membros da banda não deixam a desejar”, enquanto ressaltaram o aumento de foco e intensidade. Entretanto, Rolling Stone sarcasticamente disse que a banda teve momentos difíceis para se tornarem profissionais. Enquanto NME novamente não se impressionou com “The Only Exception” e outra música acústica, “Misguided Ghosts”, a revista britânica elogiou o “pop feliz” do álbum.

Infelizmente, logo quando Paramore começou a acumular elogios com a adição do crescimento de sua fã base, Josh e Zac saíram da banda após as turnês de 2009 e 2010. A banda lançou um comunicado que dizia, “Nenhum de nós ficou surpreso. No ano passado, não parecia mais que eles queriam continuar conosco.” Enquanto isso, o comunicado dos Farro deu mais detalhes sobre seu lado da história.

O comunicado diz que Paramore começou a fazer música por amor, mas as coisas mudaram depois que Williams assinou como artista solo. Segundo os irmãos, a banda se tornou um “produto manufaturado, montado nas costas dos sonhos de Hayley.” O comunicado também faz alusão ao término de Josh e Hayley durante o Riot!, e que depois disso “as coisas começaram a desandar.” Eventualmente, houveram desacordos por causa das letras do Brand New Eyes, o que fizeram a banda “se dividir em dois lados diferentes,” e os Farro decidiram sair.

Perder dois membros originais não impediram Paramore de terminar as turnês de 2011 como um trio. O bordão “Paramore ainda é uma banda” foi originado de um tweet, se referindo a blusa “Paramore é uma banda.”

O primeiro single de Paramore sem os Farro, “Monster”, participou da trilha sonora de Transformers: Dark Side of the Moon. Além disso, a banda anunciou o Singles Club em seu website, lançando três músicas exclusivas no fim de 2011. Em 2012, o trio começou a gravar seu primeiro álbum com o novo lineup, e então criou o “Paramore”, o seu mais criticamente aclamado e expansivo álbum até hoje.

O pop imbatível dedicado ao noivo de Hayley, Chad Gilbert, “Still Into You” apresentou o álbum. “Ain’t it Fun”, influenciado pelo soul, contém um refrão cativante apoiado por um coral gospel e o baixo destacado, com seu tema motivacional sobre sair da bolha e viver no mundo real.

A música obviamente se destacou, atingindo a 2ª posição no Billboard Top 40 e dando ao Paramore seu maior sucesso até hoje. O CD também tem músicas com seu “som de assinatura” (“Fast in My Car” e “Anklebiters”), músicas lentas como (“Hate To See Your Heart Break”), e as otimistas (“Daydreaming” e “Last Hope”).

Seguindo a crítica e o sucesso comercial, Paramore pegou a estrada no final de 2014 e 2015 para capitalizar o maior esforço da banda até hoje, mas esse período não era para ser nem relativamente estável. No início desse mês, a banda anunciou que o baixista Jeremy Davis novamente estava saindo da banda (ele já havia deixado o Paramore temporariamente uma vez durante as gravações do All We Know Is Falling).

Paramore diz que continua a ser uma banda, e não há motivos para achar que o contrário. É comprovado que são resistentes, mesmo após uma separação e a perda de dois membros. A própria Hayley tweetou:


E o mais importante, Paramore lutou longa e duramente para ser reconhecido como uma banda completa, não apenas Hayley Williams apoiada por caras aleatórios que tocam instrumentos. Por isso e pelo espírito de equipe que eles destacaram, eles merecem muito mais reconhecimento do que conseguem. Talvez isso já seria um bom recomeço.

Fonte
Tradução e adaptação: equipe do Paramore BR

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