Rookie Mag: Hayley e Joy Williams são entrevistadas sobre sua amizade
Por em 25 de outubro de 2015

Anualmente, a revista Rookie disponibiliza a Rookie Yearbook, uma coleção com entrevistas, artigos, fotos e ilustrações. Na edição de 2015, entre os colaboradores estão Hayley e Joy Williams, que foram entrevistadas sobre sua amizade: “Friend Crush”, como intitulada a entrevista. Confira a tradução abaixo:

As vocalistas do Paramore e do Civil Wars no poder de cantar suas próprias histórias.

Brittany: Como você e Joy se conheceram?
HW: Eu acho que eu tinha uns 12 anos, minha mãe e eu nos mudamos pra Nashville pra tentar e ficar distantes do meu estado Mississippi. Ela estava passando por algumas coisas no casamento. Um de meus amigos mais próximos se mudou pra cá, então nós acabamos ficando com ele. Nós começamos a ir nessa igreja fora de Nashville, e eu acho que a Joy deve ter ido lá, porque nós a conhecemos em uma das primeiras semanas que fomos lá. Joy costumava cantar muita música gospel, e tinha essa incrível voz mesmo sendo bem, bem jovem. Acho que ela tinha uns 18 anos quando eu a conheci. Eu já era fã. Então quando eu a conheci, eu estava maravilhada com ela querendo falar e curtir comigo. Porque eu era muito inspirada por ela, sabe. E ela não tinha ego. Ela não agia como se fosse melhor que ninguém, mesmo que na minha cabeça, ela era essa incrível, maravilhosa e talentosa pessoa. E aí começamos a sair tipo que frequentemente. Ela aparecia para me ver e ver minha mãe, e curtir. Ela me ouvia cantar e tocar piano, ou falar sobre a vida, garotos e todas essas coisas. Era legal porque era como ter uma irmã mais velha. Eu sempre fui a irmã mais velha.

B: Quando vocês foram de boas amigas para melhores amigas?
HW: Foi uma longa jornada, porque eu e ela fomos para caminhos separados por um tempo, por acidente. Eu entrei pro Paramore aos 13 anos e a vida começou a se mover super rápido. Depois, aos 19 anos, eu estava curtindo com a Taylor Swift e ela disse “Eu amo essa banda, Civil Wars” e eu fiquei “É, eu já ouvi falar dessa banda”. E eu fui pra casa e baixei o EP deles e amei. Eu fiquei tipo “Ah, é tão lindo!” e eu não tinha ideia de que era a Joy, por provavelmente umas duas semanas. E depois, quando eu percebi que era ela, era como redescobrir alguém que você conhece por muito tempo. Tipo, por que você está aqui? Como você está aqui? E eu falei com ela “ai meu Deus, Civil Wars é incrível, eu não tinha ideia de que era você, e eu estou tão feliz por você.” Aos poucos fomos nos falando, mais e mais. Depois, no meio do ano passado, nós a convidamos para fazer esse dueto. Nós temos sempre uma espécie de check-in uma com a outra, e agora, nós  estamos em um ponto onde eu sinto que somos irmãs de alma, sabe?

B: Como foi ouvir Civil Wars e assistir à Joy se tornar bem sucedida com isso?
HW: Foi meio que uma longa jornada. Quando ela cantava música gospel, na adolescência, você já podia notar. A sua voz era insana. Seu alcance era louco. Ela cresceu com artistas que realmente cantavam. É uma forma de arte, não é apenas cantar a melodia. Era por isso que eu amava muito a sua voz, e por isso eu estava muito animada em conhecê-la, porque eu estava tipo “eu gosto de cantar assim também.” Eu gosto que minha voz soe forte, gosto de atingir notas altas. Daí eu achei as coisas que ela estava escrevendo e cantando pro Civil Wars… Eu acho que é sempre interessante quando você vê uma vocalista que cresce focando nos vocais e depois aprende a compor pra ela mesma -a letra e o jeito que ela muda a melodia para a sua voz- geralmente muda como ela canta. Mudou muito meu jeito de cantar. Quando eu era criança e crescia cantando a música de outras  pessoas, aquelas não eram minhas histórias. Mas agora a Joy está cantando as próprias histórias, e há tanta profundidade. Ela pode cantar qualquer coisa, mas quando canta suas próprias histórias,  há tanto poder que você não consegue negar.

B: O que faz a Joy se destacar na sua vida?
HW: Ela é muito calma. É muito forte e tem muitas opiniões, mas você não sente que deve se proteger das palavras dela. Ela é uma das pessoas mais honestas que já conheci. Mas também é muito graciosa por isso. Eu pude vê-la crescer, também. Eu a vi em seu casamento, a vi ter um bebê. Eu a vi navegar em diferentes eras na carreira musical. E agora está começando uma carreira nova, com um álbum solo que é insanamente bom.

B: De que forma vocês são parecidas?
HW: Fazemos as coisas com muita convicção, mas também não pensamos que somos as melhores. Sentimos que estamos nessa jornada pra melhorar constantemente. Para mim, não é um lugar confortável, porque todos os dias, eu fico com essa mentalidade de OK, o que posso fazer melhor do que isso?

B: E em qual sentido vocês são opostas?
HW: Ela anda com muita graça. Eu sinto que tropeço bastante. Não sou nem um pouco graciosa. Só porque ela é mais velha que eu, estou sempre torcendo, “Ah, em 6 anos, espero que eu seja igual a Joy.” Eu não sinto que serei, porque sou muito desastrada, tanto emocionalmente quanto fisicamente. Mas você sabe, nós sempre podemos sonhar com a grandiosidade.

B: Vocês costumam escrever músicas juntas?
Sim. A primeira vez que cantamos juntas foi para o nosso dueto em “Hate to See Your Heart Break.” Foi tão incrível porque o Paramore nunca fez nenhuma colaboração. O que funcionou foi que eu e Joy crescemos ouvindo muitas divas, como Whitney Houston, Patti LaBelle, Mariah Carey… músicas muito pop com vocais acrobáticos. Mas nós acabamos cantando estilos diferentes de música. Para o Civil Wars, Joy usou bastante daquele estilo Americana, e ficou sombrio. Mas nós acabamos cantando músicas agressivas e pop com o Paramore. Mas nenhuma delas realmente se parece com o que nós crescemos ouvindo. Foi incrível compartilhar aquele dueto com outra cantora que entende inflexões do título… ela é uma cantora muito inteligente. Ela coloca muita alma no que faz. Quando eu estava cantando com ela, eu podia ver essas pequenas coisas. Então, se você realmente prestar atenção, você pode ver onde seu estilo está no topo e eu estou apenas seguindo isso. Então no momento em que ela está cantando minha música, você consegue acompanhar como ela está seguindo minhas sutilezas. Foi incrível compartilhar aquele momento como amiga, mas ainda mais, eu acho, como cantoras que realmente entendem o conceito de cantar juntas. Nós não apenas cantamos com outra mulher o tempo todo. Eu queria cantar mais, porque sinto que essa experiência foi muito boa para mim como cantora. Eu aprendi muito e senti que isso apresentou algo em nós duas que não foi capaz de se mostrar por um tempo.

B: Vocês falam sobre negócios ou dão conselhos sobre isso? Ou é separado, quando vocês estão juntas não falam sobre trabalho?
HW: Não, isso totalmente se sobrepõe. Nós crescemos na indústria da música juntas. Ela me viu como uma pessoa antes mesmo de eu ser a garota do Paramore. E eu a conhecia como uma artista completamente diferente do que ela é hoje em dia. Então nós sempre procuramos uma a outra por conselhos. Enquanto ela está trabalhando nesse disco, eu fui sortuda de ouvir as músicas tomarem forma. Ela me enviou uma foto que ela fez para o ensaio de fotos do álbum. É lindo, e eu fiquei tipo, “Oh meu Deus, essa é minha amiga Joy que literalmente está prestes a tomar conta da sua área da música e vai ser muito poderoso e vai significar muito.” Então foi legal para mim assistir isso porque nós somos amigas e porque não é como se tivéssemos que correr uma para a outra com qualquer coisa pequena que acontece em nossas vidas. Mas é legal ter alguém que confia em você. Não é estranho falar sobre música, é apenas uma parte da vida de cada uma de nós.

Britanny: Qual foi sua impressão de Hayley quando vocês se conheceram?
Joy Williams: Hayley estava na escola primária quando nos conhecemos, e eu não era muito mais velha. Eu me lembro que ela tinha essa faísca desde essa época. Ela sempre teve esse equilíbrio em seu caminhar e determinação. Franja, roupas coloridas e uma obsessão por ‘N Sync. Eu consigo me lembrar dela tocando seu teclado vermelho no seu quarto, com os olhos fechados e cantando uma música que ela tinha acabado de escrever.

B: Hayley me disse que ouvir o EP de Civil Wars ajudou vocês a reconectarem a amizade. Como foi se reunir com ela?
JW: Retomar o contato com ela após anos de turnês e viagens pelo mundo foi um presente. Não é que brigamos nem nada disso, mas nós tínhamos compromissos e a vida em geral se colocou no caminho. Mas eu estava sempre de olho nas turnês e nas músicas – e ela estava fazendo o mesmo. Quando estávamos aptas para nos reconectar, era como se eu estivesse me encontrando com alguém que nunca deixei de conviver. É assim que você sabe que encontrou um amigo verdadeiro – você consegue retomar a amizade no exato ponto onde deixou.

B: O que faz Hayley se diferenciar das outras pessoas na sua vida?
JW: Hayley tem uma incrível mistura de dureza e humildade, e nenhuma dessas coisas é forçada. Como eu disse antes, ela é o tipo de pessoa que mira sempre a frente, nunca para trás.

B: Quais as diferenças e semelhanças entre vocês?
JW: Nós valorizamos nossas semelhanças, no sentido que vemos o mundo e interagimos com as pessoas. Nós somos ridiculamente baixas, o que nos faz rir bastante. Somos opostas na forma como decoramos, talvez? Eu vivo em uma casa pós-moderna na Califórnia que é toda branca, e por outro lado, a casa de Hayley tem um lustre em forma de polvo na sala de jantar, um papel de parede de cerejas no corredor e um dinossauro gigante ao lado da sua piscina.

B: Qual foi a sua memória preferida com Hayley?
JW: Qualquer uma que ainda está por vir, porque todas as anteriores foram muito incríveis até agora.

Tradução e adaptação: equipe do Paramore BR
Agradecimento especial à Shauni.

Categorias: #Entrevista  #Hayley Williams