Noisey aponta os motivos que fazem de Hayley mais do que uma simples vocalista
Por em 1 de dezembro de 2014

Depois de tantos feitos dentro do cenário da música alternativa, Hayley Williams mudou a posição das mulheres que não se achavam capazes de liderar uma banda de rock. O site Noisey publicou uma matéria sobre garotas dentro da indústria musical e deram milhões de justificativas (além das que já sabemos) pelo qual Williams merece o prêmio Trailblazer da Billboard! Confira:

Hayley Williams escreveu um livro sobre ser uma celebridade feminina

É impossível falar sobre o Paramore sem falar sobre Hayley Williams. Quando os membros fundadores Josh e Zac Farro deixaram a banda em 2010 depois de uma briga pública desagradável, eles fizeram uma declaração alegando que a banda era “tudo gira em torno de Hayley”. Não dá para dizer que era viagem deles. Se você olhar para cada capa da revista, cada entrevista, cada clipe, ela é o ponto principal. Os outros membros da banda normalmente ficam ao fundo, ou simplesmente não estão lá. Ainda assim, é inegável que Williams continua sendo o aspecto mais inspirador da banda – e por razões muito maiores do que a sua cartela de tinturas de cabelo.
Ela é muito mais do que uma vocalista. Desde que começou a cantar no Paramore, aos 15 anos de idade, Hayley comandou um nível de atenção grande que virou uma admiração mundial inesperada, que atinge crianças que precisam de um ídolo para adorar até adultos com renda financeira. Por isso, Paramore se tornou rapidamente uma das maiores bandas alternativas do planeta. E, em algum lugar entre ser a banda mais jovem a tocar na Warped Tour e vender ingressos para a Arena de Wembley, em dez minutos, ela deixou de ser apenas a vocalista de uma banda para se tornar uma mulher única, com uma potência na música alternativa em uma escala jamais vista desde que Gwen Stefani pisou no palco pela primeira vez vestindo calças largas e suspensório.
Confirmando o que já sabíamos, este mês Williams foi anunciada como a primeira pessoa a receber o prêmio Trailblazer Awards dentro da categoria de Mulheres do Ano da Billboard Music Awards. Mas, como exatamente uma garota que pertence ao pop-punk, com cabelo colorido, chega a um estágio em sua carreira em que está recebendo prêmios ao lado de Taylor Swift e Ariana Grande?

Inicialmente, Hayley Williams representava o esquisito e o estranho: as crianças que usam camisetas de banda, raspam partes do cabelo de maneira aleatória e passam os seus finais de semana chorando no deviantART. Ela é basicamente a Avril Lavigne da geração Angry Birds, mas em vez de cair em queda livre, Hayley evoluiu com o seu público e começou a apelar para um ritmo além do núcleo de defensores pop-punk.
Com o lançamento do Paramore, seu quarto álbum, ela mostrou um pouco do pop comercial, mas sem deixar totalmente de lado o punk comercial, equilibrando esses dois sons de uma maneira nunca feita antes por nenhuma mulher, pelo menos não com tanto sucesso. Nas raras ocasiões em que uma banda de rock tem uma vocalista do sexo feminino, elas lutam para que o “homem interior” atue no palco. Pense na banda The Destillers ou em Hole – ambas, Brody Dalle e Courtney Love – eram (e ainda são) consideradas figuras masculinas por ficarem bêbadas e agirem de maneira agressiva no palco, bem do jeito que os homens costumam ser nessas situações.
A indústria do rock ainda é muito duas caras, com um lado dizendo: “isto é como você deve ser para obter sucesso” e o outro lado que é: “mas também vamos te julgar maciçamente se você for uma mulher”. E sobre o que elas fazem: tanto Brody como Courtney são consideradas “vadias loucas”, enquanto alguém como Billie Joe Armstrong ou Patrick Stump seriam considerados vocalistas incríveis agindo da mesma maneira. E talvez isso aconteça porque existem poucas mulheres na indústria da música alternativa. Apesar de mulheres dominando as paradas em pop, hip-hop e R&B deste ano, o rock e seus subgêneros ainda tem um enorme problema com mulheres.
A indústria sempre escolhe as melhores pessoas paras transformá-las em apenas figuras de entretenimento. Portanto, independente de você ser Courtney Love, Hayley Williams ou Nicki Minaj, as chances da sua foto ser cercada de manchetes sobre o quanto você precisa se curvar para agradar os homens, só porque você é mulher, são grandes.

Por mais que você tente evitar isso e por mais que determinada entrevista tenha soado interessante e legítima na época, ela será cortada e vai sempre trazer em evidência a vida amorosa do artista, que é facilmente digerida por todos. Mas, pelo menos por enquanto, Hayley conseguiu navegar pela indústria de uma maneira onde ela claramente puxa as rédeas. Ela conseguiu antecipar o inevitável, fazendo piadas sobre os seus próprios seios quando um hacker divulgou a sua foto de topless. E, ao mesmo tempo, conseguiu lidar com o infortúnio de ser a única mulher a ter que lidar com esse aspecto de fama em primeiro lugar.
Hayley possui, em certa medida, parte da cultura das celebridades que envolvem capas de revistas e eventos de tapete vermelho. Ela também se envolveu em uma arena de exposição em massa normalmente ocupada por celebridades como Kim Kardashian e Paris Hilton; pessoas que consideram capas de revistas e eventos coisas muito mais importantes do que a vida que acontece além disso. O fato de que ela tem sido sujeita à mesma invasão horrenda de privacidade pessoal geralmente reservada para alguém como uma estrela de Hollywood é incrivelmente estranho (e, obviamente, triste), mas também diz muito sobre onde ela se encontra escala de interesse público.


Ao mesmo tempo em que o cenário onde Hayley está inserida parece autodestrutivo por ser uma arena dominada por homens, é injusto subestimar sua realização como cantora exatamente dentro desta mesma arena dominada por homens. Devido a uma turnê que vende mais de meio milhão de bilhetes só nos Estados Unidos e no Canadá apenas no ano passado, com uma base de fãs do sexo feminino, você pode pensar que a Warped Tour excede 6% de bandas femininas dentro de suas atrações, mas, na realidade, a música alternativa ainda é predominantemente masculina. E isso pode criar um ambiente difícil para as mulheres jovens que querem atravessar as barreiras e serem consideradas vocalistas legítimas.
No início da sua carreira, Hayley tinha que se levantar e se posicionar ao assédio dos músicos do sexo masculino, quase 10 anos mais velhos que ela e escrever posts corrigindo os artigos que falavam que ela não tinha curvas. Ela se esforçou para ser levada a sério pelos membros da multidão que não estavam acostumados a ver uma mulher no palco e não sabiam fazer oura coisa a não ser falar “tira a sua camisa”. Ela está lidando com tudo isso desde os 16 anos e continua a se abrir sobre o sexismo na música agora.

Basicamente, toda a sua importância comercial é um enorme “f*da-se” ao que é convencional. Em uma cena em que as mulheres são escaladas para ocupar o menor espaço possível, ela está gritando mais alto do que todos com um alcance vocal que abrange três oitavas. Hayley é a pessoa que disse f*da-se, eu vou ser a única a tocar na Warped Tour e ter uma linha de cosméticos. Vou a pé para uma gravação usando peças neon e uma camiseta com a palavra ‘panaca’ escrito na frente”. Isso é o que inspira as jovens a vestirem o que quiserem, mesmo que seja algo considerado ridículo. E ela não se importa se os antigos membros da banda chamam o Paramore de “produto fabricado”, porque eles vão lançar vários outros álbuns e ganhar muitos prêmios e fazer uma turnê em um navio. E então Hayley vai ganhar o prêmio Trailblazer por causa de todas as coisas que fez.
Contra todas as probabilidades, Hayley Williams conseguiu navegar em uma indústria que tentou de todas as maneiras transformá-la em um objeto para vender as coisas, quer se trate de revistas, maquiagens, ou música. E ela pode ter se sujeitado a essas coisas em algum momento, mas fez isso de uma forma que criou voz para os jovens que se sentem diferentes. Mais ainda, ela abriu caminhos para as jovens que desejam mergulhar na cena da música alternativa.

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