Matéria sobre o Paramore na DIY Magazine traduzida
Por em 5 de outubro de 2013

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Paramore é capa da edição de outubro da revista inglesa DIY, que traz uma matéria, entrevista e photoshoot inédito da banda. Confira a tradução, scans e o photoshoot abaixo:

Photoshoots @ DIY Magazine

     

O que não mata, fortalece. Por um tempo, o futuro deles era incerto, mas olhe para eles agora: o enorme sucesso do novo álbum está deixando os “haters” com raiva. Não é só uma banda… Isso é Paramore

Para o Paramore, a última década foi longe de ser fácil. Nascido num mundo voltado pelo “pop-rock” e “Fueled By Ramen”, o jovem quinteto de Nashville começou sua carreira já nos holofotes. Daquele momento para frente, as coisas só foram aumentando. Quando a líder, Hayley, completou 21 anos, eles já tinham lançado seu terceiro álbum de estúdio, dois deles receberam certificado de platina pelas vendas mundiais.

Passando a maior parte da adolescência na estrada, sua juventude foi bem documentada nas críticas, entrevistas e ensaios fotográficos, todos seus passos foram gravados. Tudo colocado na internet, postado em revistas e em pacotes condecorados para serem colocados nas prateleiras das lojas de cd. Na maioria do tempo, isso era tudo que eles queriam, mas então – em algum ponto – tudo começou a desandar.

O interessante sobre eles é que eles estão acostumados com mudanças. Foram forçados a crescer e tinham acabado de perder três membros (arrependido, o baixista Jeremy Davis não se foi por muito tempo). Por um tempo, eles conseguiram se manter, mas no final de 2010 as coisas começaram a desmoronar ao seu redor.

O que aconteceu foi a muito comentada saída de Josh e Zac Farro que tentaram desfazer a ideia da vocalista Hayley Williams de que Paramore ainda era uma banda. Mas ao invés disso acabar com eles, apenas os deixou mais fortes, lhes garantindo a possibilidade de um novo começo. O resultado: um dos melhores álbuns desse ano.

“Em todo álbum tem que haver uma mudança”, diz Taylor York. Amigo da banda há anos – ele participou da composição do single de estreia “Conspiracy” – finalmente se juntou à banda oficialmente como guitarrista adicional em 2007. Mas foi só recentemente que o processo começou a ficar mais colaborativo. “Tinha que haver uma mudança e uma evolução, especialmente na nossa situação, não conseguiríamos replicar o que fizemos no passado. De várias maneiras, fomos forçados a conhecer um novo território.

“De início estávamos relutantes em relação a isso. Achávamos que o caminho do sucesso era fazer aquilo que já tínhamos feito, mas percebemos que era preciso ultrapassar nossos limites e explorar coisas novas. Foi muito assustador mas também libertador. Escrevemos música nas quais realmente acreditamos. Foi uma experiência sinistra e libertadora ao mesmo tempo.”

Indo contra às regras, a banda – agora um trio – começou a trabalhar com o baixista Beck e o produtor da M83 Justin Medal-Johnsen, quem os encorajou a tentar coisas novas. Abandonando sua antiga estrutura e passando por um longo processo de bloqueio criativo, Williams finalmente encontrou confiança para fazer o que era preciso e escrever músicas das quais ela gostava.

“Em ‘Still Into You’ levei um susto comigo mesma quando estava escrevendo e sugeri a melodia e a letra do refrão”, ela ri. “Os versos não me assustaram; na verdade me empolgou. Era meio “saltitante” e soava como “new wave”, ainda era meio “pop” e “grudento”, mas o refrão… Eu fiquei tipo, “Isso é demais para uma música do Paramore. É muito pop!”. Taylor perguntou “Bem, você gostou?” e eu “Eu amei!”. E foi isso. Foi aí que deixamos de nos preocupar. Depois disso acontecer mais de uma vez, percebi que devia parar de questionar, acho que faz parte de crescer.

“Nos últimos anos foi tudo sobre aceitar o que a gente ama. Cresci ouvindo NSYNC e Britney Spears e eu não ligo! Continuo sendo de uma banda que eu acho irada. Tudo isso só me fez ser a pessoa única que eu sou. E as coisas que Jeremy ouvia – ele cresceu ouvindo muito hip hop – não acho que algum de nós cresceu ouvindo punk rock. Ninguém ouve Black Flag já no útero. Acho que amadurecemos e percebemos isso; ‘É estúpido ser pretensioso em relação à música’ você simplesmente gosta do que gosta, e se você ama, quem liga?”

Isso é o que reforça o guitarrista Taylor York: ser capaz de aceitar suas influências e usá-las para aumentar seus horizontes. “Foi estranho terminar uma música e pensar ‘Isso é muito pop. É meio “desajeitado” e Jeremy fazendo essas batidas no baixo mas simplesmente amamos.’. No final do dia, tudo que podemos fazer é escrever músicas nas quais acreditamos. Quando estamos no palco, ou as pessoas acreditam, ou não, então fizemos músicas que realmente apoiamos. Foi muito bom saber que conseguíamos fazer outras coisas. Antes, podíamos esboçar nossas influências, mas jamais mostrar para as pessoas.”

Com uma mudança drástica na dinâmica do grupo, haviam preocupações de que as coisas nunca mais seriam as mesmas no estúdio. Mas isso não foi a única coisa com a qual eles tiveram que competir; passar por um rompimento foi difícil e, pela primeira vez na carreira, eles perceberam que tinham que ir mais devagar. “O tempo que passamos longe foi pela nossa sanidade” diz Williams. Depois que saíram as notícias, no final de 2010, a banda foi pra casa. Passou-se então 1 ano até que eles começassem a trabalhar no seu álbum. “Foi duro. Tínhamos que ser nós mesmos pela primeira vez.”

“Tivemos que aprender como ser pessoas normais” diz Jeremy, “Passar tempo com nós mesmo e aceitar quem somos. Era algo que a gente precisava naquele momento. Dar uma acalmada foi muito importante.”

“Colocamos muita pressão em nós mesmos”, diz Taylor, “e sentimos a pressão externa também. É esquisito termos precisado ficar longe por um tempo, mas ao mesmo tempo, você começa a pensar sobre sua carreira. ‘Estamos longe há muito tempo, será que vão esquecer de nós?”

Foi essa distância que fez Williams perceber seu crescimento durante os anos. “Sei que não estamos tão mais velhos mas não temos mais 16, 17, 18 anos. Tenho uma irmã de 18 anos e acho que ela está começando a saber quem ela é agora e o que ela quer da vida. Penso quando eu tinha 18 anos… Já havíamos lançado o ‘Riot!’, um álbum de sucesso, mas quando lembro de como eu era com 18 anos, acho que eu não tinha ideia do que eu queria ou do que eu me importava, assim como uma pessoa normal de 18 ou 19 anos que acabou de sair do ensino médio para o mundo real.

“Acho que às vezes estar aqui fora é como uma bolha que estourou. Quando estamos em casa, pensamos ‘Bem… não sei o que vou fazer’ mas precisávamos disso. Foi importante. Passamos muito tempo antes de começar a trabalhar num novo cd e aproveitamos o tempo em casa, mas também trabalhamos duro. Foi como se a gente estivesse fazendo nosso primeiro álbum novamente.”

Seu tempo longe da estrada foi uma benção em disfarce. Enquanto seus álbuns anteriores estavam enraizados no que, às vezes, pode ser uma vida monótona na maré de uma turnê, o álbum “Paramore” é um cd que é simplesmente sobre “viver”, segundo Hayley.”Não é fácil fazer uma turnê! Digo, é divertido, mas como uma criança que queria estar numa banda e única razão disso era pra poder sair com os amigos o tempo todo, você simplesmente não pensa nas coisas chatas, fica complicado.

“Escrevemos um álbum inteiro sobre como é fazer parte de uma banda, fazer turnê pelo mundo e surtar um com o outro. Esse álbum chama-se ‘Brand New Eyes’ e você pode comprá-lo numa loja. Mas é nosso passado. Eu não quero fazer um ‘Brand New Eyes: Parte 2’. E nem quero ser aquela banda novamente.”

O disco que fizemos desta vez é sobre viver. Todos podem se relacionar a isto: você não precisa estar em uma banda, você só tem que pulsar para entender. Eu acho que ir pra casa, acordar e tentar redefinir seu propósito na vida, isso é o que todos estão fazendo todos os dias. Crescer, desapegar de coisas que machucam e desapegar de coisas que não machucam, mas você sabe que você tem que se desapegar delas. São essas as coisas que eu quero escrever sobre para sempre.”

Independentemente das novas direções musicais, mudança de formação, ou separação de ex-membros, o quarto disco da banda foi sem dúvida o seu maior sucesso, aterrissando diretamente na posição de número 1 em paradas de álbuns pelo mundo todo, trazendo consigo um novo fandom.

“Isso é uma coisa que nós sempre queremos: ter uma audiência mais diversa”, confirma Davis, “Nós queremos todos no show se divertindo, ter música boa para ouvir e fazer amizades na fila. Eu sinto como se nossos fãs fossem assim, mas tem um lado novo. Uma audiência mais diversa, pessoas mais velhas – literalmente de todos os lugares – que estão vindo para os shows e eu acho isso muito legal. Muitas vezes quando isso acontece, os fãs velhos vão, mas os nossos fãs não são realmente daquele jeito. Eles abrem os braços pra trazê-los. Talvez parte desse nosso novo cd – se eles não gostam tanto dos outros – tem um pouco de tudo para todos. Eu acho que é isso que tentamos trazer.”

Independentemente das dificuldades, o crescimento e a mudança em suas próprias vidas, uma coisa ficou clara para a banda. Se toda a jornada até agora os ensinou algo, foi a importância dos seus fãs. Hayley passou a maior parte de sua carreira espalhando as palavras “Paramore é uma banda” estampadas em suas camisetas. Quando o trio teve de juntar os pedaços após a saída dos Farros, ela foi fundo com um novo lema que diz “Paramore ainda é uma banda”. Porém, não é só isso. Depois de tudo isso, eles são muito mais.

“Temos orgulho disso,” começa Williams. “É uma coisa muito estranha lembrar disso. Obviamente, começamos a fazer turnês nos Estados Unidos. Eu me lembro da primeira vez que fomos a Califórnia, foi um grande negócio. Dirigimos do Tennessee até San Diego ou algum outro lugar. As mesmas pessoas que foram àquele show, ainda vão. Eu falo com eles por email. São próximos da gente porque não estaríamos onde estamos se eles não tivessem comprado o ingresso para aquele primeiro show.

“Penso sobre aquilo o tempo todo. Estávamos em Manchester e eu vi uma foto, lá do fundo do quarto – uma enorme arena – e as pessoas parecem formigas na foto! O palco parece ainda menor! Então lembrei que da última vez que tocamos em Manchester, uma garota chamada Ellen, que estava na primeira fileira num pequeno cômodo, gritando ‘Heeeeyyyyy! Eu trabalho para a HMV!’ Ela estava gritando comigo, tentando chamar minha atenção e eu fiquei tipo ‘Que?!’ e então ela ‘Eu trabalho para a HMV e falo para as pessoas comprarem seu cd todos os dias!’. Falei com ela depois do show e pelos próximos 3 anos, toda vez que estávamos na cidade, ela nos levava pra sair para o “Afflecks” ou para outros lugares só para fazer compras e comer. Então quando estávamos em Manchester, me perguntava onde estava a Ellen. Depois de todo esse tempo que passamos longe, nunca mais ouvi falar dela, mas nunca esquecemos pessoas assim.”

Mesmo depois de toda dificuldade e mágoas, os fãs do Paramore continuam firmes e juntos, colocaram os pedaços quebrados no lugar. Por que? Porque eles são todos parte do Paramore.”Isso é algo que sempre lembramos. Não é sobre nós. O jeito que o sistema funciona – fazer entrevista, ensaios fotográficos – nos faz pensar que isso é só sobre nós, mas é bom lembrar que na verdade é tudo sobre os fãs. É além de nós. Isso é sobre a ligação da nossa música com as pessoas, que as músicas possam se comunicar com elas, de alguma forma. Sendo através do cd ou dos shows. Nossos fãs significam muito mais para nós agora. Eles sempre foram importantíssimo para a gente, mas conforme vamos amadurecendo, nós começamos a ver além. É muito divertido tocar com os amigos, mas agora, parece que há um propósito maior do que nunca.

Paramore está levando sua turnê a um outro nível: estão sequestrando um navio só para eles para passar 4 dias tocando e relaxando no beira da piscina.

Como surgiu essa ideia?
Hayley: os agentes que cuidam das nossas datas estão sempre com ideias malucas, mas pensando no passado, mesmo quando eles chegaram pra gente e disseram ‘Queremos que vocês façam a primeira turnê como banda principal’ também achamos que era uma ideia maluca. Pensamos ‘Ninguém vai aparecer’. Eles sempre tiveram bons instintos para dizer para onde temos que ir. Eles também sabem escutar a gente, algo que eu valorizo muito. Queríamos fazer algo diferente e isso com certeza será bem diferente…”
Jeremy: Imagino tudo isso acontecendo num navio!
Hayley: Eu vou pular do palco direto no mar.
Jeremy: Mulher para fora do barco!

O que vocês esperam disso, exceto, sabe, o fato de vocês pararem na sua ilha particular no final?
Hayley: Ótima pergunta! Vai ser como em “A Ilha do Medo”, vamos acabar em hospícios no final. Depende de quão louca as pessoas vão ficar.
Jeremy: Só espero que não acabe a energia, como naqueles barcos de quermesse. Só sei que precisa de muita energia.
Hayley: Não vamos nem comentar sobre Titanic…
Jeremy: Levaremos instrumentos acústicos também, que tal?
Taylor: Acho que só queremos diversão. Eles nos trouxeram a ideia e achamos que era loucura, mas também algo muito legal. Além disso, estaremos num cruzeiro, tocando, num barco, com vários fãs que amamos e de quem somos amigos, e ótimas bandas. Iremos para uma ilha nas Bahamas, e isso tudo gira em torno da música. Vai ser muito legal pra todo mundo.

Há muitas pessoas que vão participar dessa diversão?
Jeremy: Vimos de onde as pessoas estão vindo – as que já compraram os ingressos – eles vem de todo lugar. Austrália, Brasil, Europa, muitos do Reino Unido. Literalmente, há pessoas de todos os lugares e eu acho isso muito bom porque eles sempre conseguem ter essa ligação.
Hayley: Vamos ter férias juntos!
Taylor: “Para-romances”

Também há um rumor sobre alguém que vai estar em lua de mel…
Hayley: Séeeeerio? Amei.
Jeremy: “Para-lua-de-mel”
Hayley: Se for uma menina, espero que a chamem de Hayley! Sabe, vai ter magia acontecendo.

Tradução: Equipe do Paramore BR.

Scans @ DIY Magazine (outubro)

     

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