Hayley fala sobre sexismo, música eletrônica e a exigência mais louca da banda à Rolling Stone
Por em 12 de outubro de 2013

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Em entrevista à Rolling Stone, Hayley fala sobre o sexismo na indústria da música, sua parceria com Zedd, se o Paramore pretende fazer algo mais no estilo eletrônico e qual foi a exigência mais louca que eles já fizeram em shows.

“É bom se esforçar e é sobre isso que todo esse álbum tem sido – crescer e tentar coisas novas,” Hayley Williams do Paramore fala sobre o recém lançado álbum autointitulado, o qual a banda levará em uma turnê em arenas. Ela fala sobre seguir em frente da separação dos membros originas Zac e Josh Farro, liricamente abordando pessoas que estão presas na formação original da banda e experimentando um bando de novos sons, do pop ao gospel, sob a orientação do produtor Justin Meldal-Johnsen. Mas Williams tem também tentando algumas coisas fora do Paramore esse ano. A jovem de 24 anos recentemente ao Zedd em “Stay The Night”, e agora está atuando como a artista embaixadora da campanha Pinktober do Hard Rock, que aumenta a consciência global sobre o câncer de mama. Mais cedo essa semana, Williams falou com a Rolling Stone sobre o recente movimento de artistas femininas protestando contra o sexismo, seus pensamentos sobre música dance e as recentes solicitações de direção do Paramore.

Rolling Stone: Você tuitou recentemente alguns posts da cantora Chvrches’ Lauren Mayberry sobre misoginia. Entre o post dela, o post de Grimes sobre sexismo, e os comentários recentes da Lorde sobre a pressão na aparência, parece que cada vez mais artistas do sexo feminino estão saindo e expressando suas lutas.
Hayley Williams: Eu amo as postagens da Lauren e da Lorde. Acho muito legal que haja tantas garotas magníficas e mais velhas no mundo da música. Muita gente tem um ponto de vista diferente e é legal ver as pessoas unidas, sendo honestas sobre algo que é realmente importante de se falar. Estou tão animada em ver tudo isso vindo a tona, porque é real. Até mesmo minha amiga Mariel [Loveland], da banda Candy Hearts, postou a respeito disso e simplesmente invadiu minha mente por completo. Quando eu tinha 16 anos e começamos a fazer turnês, eu parecia um garoto de 12 anos: sem maquiagem, sutiã-sport, usando uma das camisetas dos rapazes, e eu poderia usar a mesma calça por praticamente um mês inteiro. Eu nunca fui escandalosa ou provocativa e, mesmo assim, caras que eram cerca de uns 10 anos mais velhos que eu, sempre me assediaram. Lembro-me de quando tocamos no North Star Bar (na Filadélfia) onde um cara gritou “tira a camisa!”, umas 10 vezes. Isso já havia acontecido alguma vezes, mas esse cara foi muito agressivo. Pela quinta ou sexta vez, percebi que era eu quem tinha o microfone. Eu que tenho o poder naquele momento. Não devo ficar quieta. As vezes é difícil fazer com que suas ações falem por você, mas naquele momento eu estava tipo “Não devo ligar pra isso”. Ele disse algo novamente, eu respondi e fui tão firme quanto ele, e então ele parou. Mas no final de tudo eu estava tipo “Não gosto de você, saia.”. E então um rapaz que eu conhecia o tirou de lá.

Rolling Stone: Você acha que a indústria tem sido lenta em encorajar essas conversas? Hayley Williams: Não acho que seja tudo por conta da indústria. É sobre encontrar aquela voz dentro de nós mesmos, e, por alguma razão, o ambiente agora está tornando tudo mais fácil. É como a carta de Sinead (O’Connor), que fala sobre como os homens estão fazendo dinheiro em cima de nós e sobre todas as escolhas que fazemos. Eu acredito nisso. Sempre foi assim e já está na hora de começarmos a falar alguma coisa. Há muitas mulheres maravilhosas com ótimos pontos de vista e grandes coisas a serem ditas, que podem começar a encorajar outras, e as pessoas que vêm aos shows. Falar algo para elas que não está sendo dito pela sociedade e pelas capas de revistas – dizer a elas que ter uma voz e ir contra a corrente é bom.

Rolling Stone: Você está de algum lado na discussão entre Sinead e Miley?
Hayley Williams: Não posso dizer que estou. Minha avó sempre diz: “Há o lado de uma pessoa, o lado da outra pessoa e o cinza no meio.” Quando eu li a carta da Sinead pela primeira vez, eu rebloguei. Foi legal ver uma mulher mais velha expressando a sua preocupação. Quando eu li tudo uma vez, me pareceu genuíno – ela está preocupada e jogou o jogo e depois decidiu não jogar mais. Não acho que ela iria machucar alguém intencionalmente, mas depois de ler algumas vezes, percebi que se fosse eu a pessoa recebendo aquilo, eu estaria envergonhada, porque se trata de alguém que eu admiro. Há um monte de sentimentos e emoções, e é nessa parte que não pensamos quando tuitamos ou falamos sobre isso. Eu seria uma completa idiota se estivesse fazendo as coisas que a Miley está fazendo e não me sentiria autêntica, mas eu não posso sentar aqui e dizer com cem por cento de certeza que esta não é quem ela realmente é. Em algum momento você deixa as pessoas serem quem elas são. É louco tivemos um milhão de declarações sobre isso, mil conversas, e no fundo, todo mundo só está julgando alguém. Essa pessoa está encontrando seu caminho na indústria e resistindo à tempestade que está se aproximando do mundo Disney. Acho que ela está se adaptando. Eu não conseguiria fazer isso. Então, não posso tomar um dos lados. Só estou tentando não ser uma julgadora idiota.

Rolling Stone: Houveram muitas mudanças no Paramore. Neste ponto, você se considera como o centro disso?
Hayley Williams: Não acho, porque eu tenho tocado com Jeremy e Taylor desde os meus 13 anos. Taylor não teve permissão pra estar na banda até que completasse os 17. A mãe dele fez com que ele terminasse o colegial. Mas ele sempre esteve escrevendo conosco. Ele tem uma música em cada um de nossos álbuns até esse, onde ele escreveu todas as músicas comigo. Jeremy e eu estivemos em uma banda antes mesmo do Paramore. Nós tocávamos covers funks dos anos setenta, oitenta. Paramore jamais poderia ser só eu. Para as pessoas que perguntam “Porque isso é uma banda?”… nós sempre quisemos ser uma banda. E somos amigos que têm as mesmas ideias sobre música e sobre como ela deveria ser. Não consigo me imaginar estando em outra banda ou projeto. Foi divertido fazer a música com o Zedd, mas meu coração é cem por cento do Paramore.

Rolling Stone: Há alguma nova parceria vindo por aí?
Hayley Williams: Não. É um tempo bem louco pra mim, porque tenho este projeto com o Zedd e estou trabalhando na campanha Pinktober com a Hard Rock, para o Instituto de Pesquisas sobre o Câncer de Mama, e é muito importante eu poder estar fazendo parte disso. Nunca tinha feito nada assim tão importante, como mulher. Estaremos trabalhando com a fundação na turnê também. Me sinto pronta pra fazer outras coisas, mas o Paramore é minha prioridade.

Rolling Stone: Você era fã do Zedd e de música dance antes de “Stay The Night”?
Hayley Williams: Sou uma grande fã dele. Porém não sei muita coisa sobre o mundo da música dance e eletrônica. Jeremy, nosso baixista, poderia sentar e conversar com você a respeito. Lembro de quando éramos mais novos e andávamos nos velhos Honda do Jeremy, e ele meio que apostava corridas – ele chegou a ser preso uma vez, porque estava correndo e foi perseguido – e sempre que corria ele dizia que tinha que colocar alguma música Techno ou Dance-eletrônica, daquelas bem loucas. Ele conhece mais que eu, mas quando ouço alguma música como “Clarity” (do Zedd), nas rádios, vejo que é simplesmente incrível. É a mistura de pop e dance que eu quero ouvir. Zedd é um bom músico e eu não sei quantas pessoas sabem disso. Eu não sabia disso até trabalhar com ele em “Stay The Night”. Ele é um perfeccionista maluco.

Rolling Stone: Você consegue ver o Paramore escrevendo alguma música mais eletrônica no futuro?
Hayley Williams: Nós três gostamos de músicas diferentes: Jeremy gosta de batidas e dance, Taylor prefere Indie e bandas mais pesadas, e eu escuto Punk Rock e Pop. Quando começamos a gravar este disco, havia vários elementos eletrônicos que nos animavam. Não havíamos feito isso antes, então tudo era muito novo. Estamos nesta banda há 10 anos, então, fazer algo diferente a esta altura é muito legal. O Dutch Uncles, que é uma banda de amigos nossos, fez um remix para “Ain’t It Fun” e nós já estamos pensando em alguns outros artistas que possam fazer remixes dela.

Rolling Stone: Falando em expandir o som, vocês chegaram a pensar em como este material repercutiria em arenas?
Hayley Williams: Neste álbum estivemos um pouco menos preocupados no aspecto ao vivo. No passado, era algo como, se não conseguíamos usar dois guitarristas, um baixista e um baterista, não era algo real para nós. Então realmente abrimos nossas mentes e quisemos fazer algo que soasse bem. Achamos que saberíamos lidar com o resto quando chegasse a hora. Taylor teve algumas ideias sobre como poderia ser antes mesmo de começarmos, mas quando chegamos aos ensaios, percebemos que era mais difícil do que havíamos imaginado. Nós realmente nos esforçamos. Todo mundo virou um músico melhor.

Rolling Stone: Você abraçou a música pop muito mais recentemente. Como uma banda “punk” que está em uma grande gravadora, você sente alguma tensão por estar entre estes dois mundos?
Hayley Williams: Viver sob essa tensão é legal, de certa forma. Nunca fizemos nada que não pareça real pra nós. Nunca jogaríamos tudo pelo que já passamos e as pessoas para quem já tocamos fora para termos uma canção de sucesso. “Still Into You” tem sido louco pra nós, e tem nos dado as oportunidades e experiências mais divertidas que já tivemos como banda. Então, sim, estamos abraçando os elementos que gostamos do pop, mas fazemos isso do jeito Paramore. É muito legal podermos estar em duas realidades diferentes e ter a chance de escolher o que gostamos e o que não gostamos de fazer.

Rolling Stone: Semana que vem vocês começarão uma turnê em arenas. Quais são alguns dos seus melhores pedidos?
Hayley Williams: A última vez em que mudamos nossa lista de exigências foi quando eu e Taylor começamos a comer menos glúten, então pedimos lanches livres de glúten. Mas, quando éramos uma banda mais “brincalhona”, costumávamos colocar algum item surpresa na lista, algo como um cachorro, com o qual pudéssemos passear. Ninguém nunca nos trouxe um.

Fonte | Tradução e Adaptação: Equipe do Paramore BR

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