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Music Connection entrevista Hayley Williams

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Na mais recente edição da revista Music Connection, que traz o Paramore como capa, Andy Mesecher fez uma longa entrevista com Hayley Williams enquanto ela ainda estava na Malásia, antes do Soundwave Festival na Austrália, falando sobre a produção do novo álbum, a parceria com B.o.B, o que ela pensa da nova indústria da música, sobre novas músicas que estão por vir e sobre a experiência de lidar com a perda de membros da banda. Confira a capa da revista e a tradução da entrevista abaixo:

Music Connection: Então você está na Malásia agora, logo indo para a Austrália tocar no Soundwave Festival. Qual a maior diferença entre um festival na Austrália e um nos Estados Unidos?

Hayley Williams: Sempre fazemos alguns festivais fora dos EUA, e eles são muito mais metal. Nós sempre acabamos sendo a “banda pop” comparados ao metal dos outros países, ao contrário dos EUA em que nos encaixamos um pouco melhor no estilo musical. Às vezes nós somos até mesmo a banda mais pesada dos EUA, o que é realmente estranho.

Music Connection: Vocês gostam de ser “aqueles que não se encaixam”?

Hayley Williams: Eu gosto. Gosto de ter algo para provar. Acho que às vezes eu saio um pouco mais dura de festivais que estão cheios de testosterona, dizendo “Sim, eu vou provar que não somos apenas uma banda de garotas!” (Risos). É estranho, mas realmente nos divertimos nesses festivais. Estávamos tocando em um festival uma vez na Europa e eu olhei para o palco do lado e vi Tom Morelo. Eu pensei “O que está acontecendo?! Isso nunca aconteceria conosco nos EUA!”

Music Connection: A plateia responde bem à vocês nessas situações?

Hayley Williams: Sorte nossa que sempre nos saímos bem, não importa a cobrança. Quando começamos, tínhamos um monte de gente querendo nos perturbar, um monte de caras mais velhos. Então, eu aprendi a perturbar de volta. Eu aprendi que o microfone é o poder que eu posso usar (para minha vantagem). Eu saio, me divirto, e (se alguém) sai dali nos amando, é como uma vitória, mesmo que seja apenas uma pessoa.


Music Connection: Vamos falar sobre produção. Por que vocês decidiram escolher Justin Meldal-Johnsen (M83, Neon Treets) para produzir o álbum?

Hayley Williams: Nós conhecemos muitos produtores durante esse tempo, o que não é algo que já havíamos passado antes. Depois de estar fora por dois anos, haviam momentos em que eu pensava, “As pessoas vão esquecer da gente? Nós importamos? É isso o que eu tenho a dizer como uma escritora até mesmo relevante?”. E quando nos reunimos com todos os produtores, todos pareciam muito interessados no que queríamos fazer.

Music Connection: Mas Justin estava de fora?

Hayley Williams: Justin foi um dos primeiros caras que conhecemos, e nós não conseguíamos tirar as coisas que ele disse das nossas cabeças. Ele estava tão animado sobre o que poderíamos fazer e as possibilidades do nosso futuro e como nós poderíamos mudar e moldar uma nova banda. Ouvindo e vendo todo seu passado como um artista versátil, era legal ouvir que alguém como ele tinha muita fé no capítulo seguinte do Paramore, mesmo sem ter visto ou escutado ainda.

Music Connection: Junto com Meldal-Johnsen, vocês trouxeram Ilan Rubin (Lost Prophets, Angels & Airwaves, NIN) na bateria?

Hayley Williams: Sim. Ele é praticamente o único cara do lado de fora da banda. Quer dizer, nós deixamos Justin fazer algumas coisas em chaves, porque ele é um louco talentoso com sons e design de sons. Eu toquei um pouco de teclado. Carlos (De la Garza), nosso engenheiro, fez um pouco de percussão. Foi muito divertido. Todos envolvidos com o álbum, até mesmo os músicos do estúdio, foi muito colaborativo. Parecia que todos foram uma parte disso.

Music Connection: Mais alguém participou?

Hayley Williams: Ken Andres veio e fez alguma mixagem e terminou cantando um backvocal. Nós tivemos Roger Manning Jr. escrevendo alguns arranjos de corda… Todos que se envolveram caíram dentro. Foi legal. Nós nunca tínhamos nos aberto para isso antes, para ser honesta. No último állbum nós pensávamos que a banda iria acabar, então só entrávamos e saíamos do estúdio todos os dias para terminar o que tínhamos que terminar. Não foi nem um pouco dessa experiência que tivemos dessa vez. Eu ia para o estúdio todas as manhãs sem saber o que iria acontecer, e no final do dia eu estava surpreendida porque fomos capazes de fazer coisas que nunca nos passou pela cabeça antes.

Music Connection: Muitos dos nossos leitores, que também são músicos, não são muito peritos em como ser convidado a entrar em um estúdio com uma banda como o Paramore. Como vocês escolhem os seus “talentos”?

Hayley Williams: Em primeiro lugar, nós também não somos peritos em gravar álbuns com o Paramore. (Risos). Essa foi a nossa primeira experiência como um trio indo para o estúdio escrever músicas juntos. Taylor surpreendeu todo mundo. Ele fez uma demo de todas essas músicas – Eu estava lá para os vocais e Jeremy com a parte do baixo. Mas (Taylor) escolheu uma sonoridade tão boa e teve tanta visão disso para cada música que ficou fácil para (nosso produtor) Justin. Já havia um bom fundamento pela razão de termos escolhido Justin. Ouvindo a versatilidade nas músicas que escrevemos, Justin trouxe o nome do Ilan e explicou o nível de talento dele já que ele era jovem como nós. E então quando fizemos a pré-produção, ele (rapidamente) pegou tudo no ar. Ele fez um trabalho tão bom estabelecendo apenas sentimento e emoção. Eu não acho que as músicas seriam as mesmas se não tivéssemos Ilan tocando junto com a gente. Fora isso, tínhamos todas as ferramentas que precisávamos em nossa equipe unida: Carlos e Justin foram bons em coisas que, para mim, Jeremy e Taylor não podiam fazer. Eles foram lá e tiveram tanta experiência e conhecimento para derramar sobre nós. Aprendemos uma tonelada a cada dia.

Music Connection: Você tem algum conselho para as bandas que podem passar por experiências parecidas com as que vocês passaram com a saída dos irmãos Farro?

Hayley Williams: Às vezes você realmente precisa passar por algo que você não quer passar. Eu nunca em milhões de anos disse que eu queria estar em uma banda apenas com Jeremy e Taylor. Eu disse em entrevistas antes que “O único baterista que eu sinto mais vontade de cantar é Zac Farro”. É louco quando eu acordo e me encontro com os garotos e somos apenas três de nós. Mas eu devo dizer que, depois de dois anos e meio, não há outra maneira que tudo isso deveria ou poderia ser. Tudo está exatamente do jeito que deve estar. Você precisa deixar a vida acontecer. Você está numa banda e você quer ser um artista que expressa pensamento e sentimento, mas você não vai expressar nada se não passar por essas dificuldades e coisas normais da vida.
Perder dois membros da banda não é uma coisa abominante; é a mesma coisa que perder dois amigos quando você muda de colégio ou quando vai para um mundo real… É apenas a vida. Nós tínhamos que deixar isso acontecer. Se não, Taylor não teria se intensificado como compositor. Ele me disse antes que estava morrendo de medo. Mas foi um empurrão que ele precisava, e agora ele é um artista que ninguém conseguiria prever que ele seria. Você tem que aceitar isso. Definitivamente doi, mas a dor se torna uma excelente arte.

Music Connection Agora, falando da nova música, “Ain’t It Fun”: ela mostra que nesse novo álbum há um coro de vocais soulful, ao contrário do estilo pop-punk dos antigos álbuns do Paramore.

Hayley Williams: Essa música veio de um modo tão legal. Taylor escreveu as primeiras notas da guitarra e teclado. Entrei em seu quarto de hotel e ele tinha em seu computador um alto-falante criado em garrafas d’água FIJI e eu ouvi o som que isso fazia e disse, “O que é isso? É tão legal!”. Ele estava tentando fazer algumas músicas para si mesmo e eu disse, “Não, isso é uma música para o Paramore. Nós precisamos escrever isso!”. Só nos abrimos e deixamos a música nos levar aonde ela queria ir, e no final da noite, eu estava continuando alguns vocais no quarto de Taylor e eu disse, “Você vai cantar comigo. Vamos fingir que somos um coro”, como se por algum acaso nós tivéssemos alguma chance de ter um coro no álbum… Nós realmente não achávamos que isso iria acontecer, e seis meses depois nós estávamos no estúdio da Sunset Sound com um legítimo coro gospel de L.A que estavam gritando nossa canção. Eu senti como se estivesse em alguma música de natal da Mariah Carey. Foi tão bom. Eu cresci com esse tipo de coisa. Era meu dia favorito no estúdio. Eu estou realmente ansiosa para que as pessoas ouçam essa música.

Music Connection: Logo as pessoas irão ouvir, provavelmente na Rdio ou na Spotify. Como você se sente sobre a mudança no setor de serviços streaming da música?

Hayley Williams: Eu sou daquele tipo de pessoa da idade das pedras. Eu gosto de comprar música. Eu nem penso duas vezes em relação a isso. Taylor e Jeremy realmente estão dentro da Spotify. Mas é algo que eu ainda não fiz. Eu brinquei e fiz playlists na Rdio antes, mas ainda não é a minha vibe ainda. Mas eu acho que (o streaming) está matando a indústria – a indústria tem estado sob ataque desde que eu tinha 12 anos quando eu estava baixando Kazaa no meu computador. Eu sinto que os fãs da música vão tê-las de qualquer jeito, mas enquanto houver gente indo aos shows eu realmente não me importo se estão baixando músicas de graça ou estão pagando por isso, eu realmente não me importo.. Eu só quero que as pessoas possam ir para os shows e conheçam as palavras para cantar junto conosco!

Music Connection: Bom, vocês possuem o “Singles Club”. É uma batalha do Paramore contra o iTunes?

Hayley Williams: Nós nunca fomos um daqueles artistas que não põem o álbum no iTunes e depois de fazer isso, acabam explodindo… Eu já vi artistas fazerem isso e eu fico me perguntando, “Isso é brilhante? Isso é estúpido? Eu não sei!”. Com o Singles Club nós queríamos fazer algo que iria direto para nossos fãs. Não queríamos toda aquela campanha publicitária. Não queríamos que toda imprensa publicasse sobre o assunto. Queríamos apenas algo que dissesse: “Este é o lugar onde estamos agora, a vida está sendo uma espécie de absorção nesse momento e estas são as músicas que saíram disso.”

Music Connection: Parece que é uma saída perfeita para vocês.

Hayley Williams: Nós precisávamos do Singles Club. Foi uma maneira de alimentar o nosso fogo. Estávamos sentindo um monte de coisas diferentes (após a saída de Josh e Zac Farro) e tínhamos que provar a nós mesmos que podíamos permanecer com o Paramore. E eu gostaria de fazer mais disso, honestamente. Taylor é uma super máquina de engrenagem então vamos usar todas as suas coisas e experimentar muito e aproveitar nosso tempo livre apenas para fazer música. Eu não quero mais entrar nesse lugar onde nós não escrevíamos no intervalo de tempo entre os álbuns. Quero continuar produzindo novas músicas para nossos fãs e algumas destas músicas estarão no iTunes, e outras não.

Music Connection: Você não é nenhuma novata com parcerias (mewithoutYou, Set Your Goals, New Found Glory). Nós sabemos que você se juntou com B.o.B alguns anos atrás para a música “Airplanes”, que vendeu mais de 138.000 cópias em sua primeira semana. Alguns anos atrás, Lupe Fiasco conversou com a Music Connection e disse em como as parcerias no hip-hop têm sido forçadas ultimamente. Como essa música de sucesso se formou para vocês?

Hayley Williams: Nós estávamos tocando um show em Hammerstein Ballroom em Nova Iorque e Jeremy da Atlantic Records, que havia acabado de começar a trabalhar com B.o.B, veio até mim e disse, “Você seria perfeita nessa música. Nós realmente precisamos de alguém para fazer isso”. Eu coloquei isso em discussão e os meninos (da banda) disseram, “Você precisa fazer isso! É uma música tão legal”. E, sim, eu meio que fiz o refrão com o B.o.B. Eu e B.oB não nos conheciámos até o VMA que aconteceu depois da canção ter explodido. Foi uma loucura, mas eu sou tão grata por isso porque eu não sou um daqueles artistas que se sentem confortáveis indo a uma sala com pessoas que eu nunca conheci e apenas escrever. Eu sei do que o Lupe está falando, eu conheço a vibe e o quão disconectado isso pode ser, mas nesse caso o Paramore se juntou com B.o.B. Nós acabamos fazendo uma turnê com ele depois disso. Ele é um dos nossos melhores amigos. Ele vem e visita Jeremy e fica na casa dele com Jeremy e sua esposa. É legal. Aquela música juntou dois artistas que provavelmente nunca teriam se cruzado e foi incrível. Espero fazer mais coisas como essa. Eu escrevo músicas para o Paramore. Eu não escrevo para outras pessoas, pelo menos ainda não. Então, seria legal conhecer outros artistas e fazer o que fizemos com B.o.B.

Traduzido e adaptado pela equipe do Paramore BR.
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